São Paulo, sexta-feira, 16 de agosto de 1996
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Paulinho ameaça invadir a Tupy, em SC

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, afirmou ontem que, se a situação dos demitidos da metalúrgica Sofunge não for resolvida até a semana que vem, a Força Sindical vai promover a invasão da empresa controladora, a Tupy, em Joinville (SC).
A Sofunge está em processo de liquidação e, segundo Mário Egerland, liquidante da Sofunge e presidente-executivo da Tupy, terá de vender seus ativos para pagar os direitos dos 1.500 demitidos.
A Força Sindical pede o pagamento imediato dos direitos. Por enquanto, não há acordo.
As declarações de Paulinho foram feitas ontem para uma platéia de mais de mil pessoas em protesto contra o desemprego em auditório no Palácio do Trabalhador, centro de São Paulo.
A Federação do Comércio do Estado de São Paulo e a Associação Comercial de São Paulo estavam representadas por seus presidentes, Abram Szajman e Élvio Aliprandi, respectivamente. A Fiesp (indústria) não foi representada.
A reunião marcada para ontem para negociar a questão da Sofunge acabou sem acordo.
Egerland não compareceu ao encontro com o secretário de Relações do Trabalho do Estado de São Paulo, Walter Barelli.
Foram o presidente do Conselho de Administração da Tupy, José Waldir, também representante do fundo de pensão Telos, e Roque Muniz Andrade, representante da Previ. Os fundos de pensão têm participação na Tupy.
Waldir e Andrade alegaram, assim como Egerland, que querem negociar. Mas avisaram que somente os funcionários, em negociação direta com a Sofunge, poderiam chegar a uma saída.
Barelli não gostou da alegação. "Eles vão se dar mal", disse.
Plínio Sarti, secretário do Trabalho do Ministério do Trabalho, considerou a atitude da empresa "um desrespeito".
O delegado regional do Trabalho, Antonio Funari, ameaçou multar a empresa em R$ 265 mil por dia caso não ela apresente, na segunda-feira, os documentos com a rescisão de contratos.
Durante o ato de protesto, o presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, afirmou que a ampliação do prazo de pagamento do seguro-desemprego, de 3 a 5 meses para de 5 a 7 meses é positiva, mas insuficiente.
"O governo dá uma no cravo e outra na ferradura. Ele aumenta o seguro-desemprego, mas propõe um projeto que amplia de três meses para dois anos o tempo de experiência nas empresas", disse.
Para Paulinho, "os trabalhadores querem e precisam muito mais do que a ampliação do prazo de recebimento do seguro desemprego". O presidente da Força Sindical, Luiz Antônio de Medeiros, considerou a decisão do governo "uma conquista dos trabalhadores", mas insuficiente.

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