São Paulo, sábado, 17 de agosto de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Para Covas, Maluf faz 'declarações idiotas'

ROGÉRIO GENTILE
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador Mário Covas rebateu ontem as declarações feitas pelo prefeito Paulo Maluf de que o governo do Estado está sendo covarde em relação à violência.
"Para quem, quando governador, mandou o povo se armar para se defender da violência, essas declarações são meio idiotas", afirmou Covas. "O Maluf tem uma expressão muito engraçada: 'no meu tempo, escreveu, não leu, o pau comeu'. Ele matava pobre e mostrava o pau", disse.
Sobre o movimento Reage São Paulo, o governador declarou que "o fato da população ficar indignada e se organizar para pressionar por determinadas medidas é perfeitamente legítimo".
Anteontem, o prefeito Paulo Maluf disse que "não existe cidade no mundo tão perigosa como São Paulo". Segundo ele, "a cidade está entregue aos bandidos". O prefeito disse também que, enquanto isso, Covas está se "escondendo".
O governador comparou dados da Secretaria da Segurança Pública, sobre a violência em São Paulo, com dados de outras cidades do mundo. "Em Washington, ocorreram 75 homicídios por 100 mil habitantes no ano passado, contra 47,3 em São Paulo. No Rio de Janeiro, foram 63 e em New Orleans, 86.", disse o governador.
"Isso não é desculpa. A violência tem que ser combatida de todo jeito, mas nós estamos fazendo isso", afirmou Covas. "Conheço o Maluf desde os tempos de estudante e ele continua com a mesma arrogância. Não dá para esperar outra coisa dele, sobretudo em véspera de eleição", declarou.
Mário Covas criticou também a proposta de municipalização da polícia, defendida por Celso Pitta, candidato de Maluf a prefeito de São Paulo. "Assim vai ser bom para o bandido. O ladrão rouba na divisa de São Paulo com Taboão da Serra e, na hora em que a polícia de São Paulo chega, ele atravessa a rua e não pode mais ser preso."
"Nós estamos fazendo a articulação da nossa polícia com a dos outros Estados para alargar a troca de informações", disse. "Se eu fosse ladrão, até ia gostar dessa proposta do Pitta."
Covas defendeu também a política implantada para tentar diminuir a violência policial. O PM que se envolve em ocorrências com morte é encaminhado para um tratamento psicológico, sendo afastado por seis meses das ruas. Maluf criticou ontem essa política, dizendo que se trata de uma "inversão de valores"'
Maluf não foi localizado para comentar as declarações de Covas.

Texto Anterior: Dentista tem o carro roubado
Próximo Texto: Missa lança movimento antiviolência em SP
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.