São Paulo, sábado, 17 de agosto de 1996
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A violência e os militares

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - Vou correr o risco de lançar ao debate uma proposta talvez heterodoxa demais.
Mas parece ser o momento para se acoplar à discussão sobre segurança pública o tema do papel das Forças Armadas, eternamente escamoteado no Brasil.
Acabou a guerra quente, foi-se a Guerra Fria, não há mais nem sequer a guerra revolucionária e é impensável um conflito de fronteiras que exija o uso da força.
Logo, é preciso pensar qual o papel das Forças Armadas no novo cenário local e internacional. Por que não utilizá-las, de algum modo, na segurança interna?
O teorema parece simples:
1 - policiamento, em especial ostensivo, será sempre parte da solução, por mais que se ataquem todas as demais facetas do problema.
2 - o Estado, falido, não terá tão cedo condições de proporcionar policiamento eficaz.
3 - o Exército dispõe de alguns dos elementos centrais para a segurança pública, quais sejam instalações, armamento e contingentes.
4 - tudo isso, hoje, é usado apenas para treinar para uma hipótese de guerra que leva todo o jeito de que jamais ocorrerá. Enquanto isso, corre solta a guerra civil disfarçada representada pela violência urbana crescente, para não mencionar o risco à segurança interna decorrente do crime organizado.
É sempre bom lembrar que o Rio de Janeiro, durante o período de realização da Eco-92, tornou-se uma cidade de segurança invejável, graças à presença ostensiva das tropas federais.
Era, claro, uma situação de emergência, ditada pela necessidade de proteger os chefes de Estado/governo e as personalidades internacionais que compareceram ao evento.
Mas vai-se tornando consensual, em São Paulo e no Rio, ao menos, que se vive uma situação de emergência e que é preciso restaurar a normalidade psicossocial.

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