São Paulo, domingo, 18 de agosto de 1996
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Livro revela os bastidores da renúncia de Jânio à Presidência

LUIZ CAVERSAN
DIRETOR DA SUCURSAL DO RIO

Às vésperas de completar 35 anos, a renúncia de Jânio Quadros à Presidência da República em 25 de agosto de 1961 poderá ser entendida sob uma perspectiva inédita, agora revelada pelo livro "A Renúncia de Jânio - Um Depoimento", do jornalista Carlos Castello Branco.
O texto (141 págs., editora Revan, R$ 14) está sendo lançado na Bienal do Livro e, segundo seu editor, Renato Guimarães, 64, revela bastidores desconhecidos da crise enfrentada pelo país há 35 anos.
O texto foi escrito por Castello Branco (1920/1993) nos anos 70, mas o próprio autor -que foi o secretário de Imprensa de Jânio- impôs a condição de que ele só fosse publicado após a sua morte.
"Segundo a viúva de Castello, Élvia, ele disse que não queria publicar o texto em vida porque se referia a amigos seus, os quais não queria magoar", disse Guimarães.
Fácil leitura
Conforme o editor, trata-se de um texto curto, de fácil leitura e que foi editado em menos de dois meses.
"Recebemos o texto há 40 dias, batido à máquina em papel já amarelado, e só consumimos o tempo necessário para introduzir uma série de notas explicativas", afirmou Guimarães.
O eixo da narrativa de Castello Branco, disse Guimarães, é o embate entre duas correntes políticas cujo confronto envolvia o presidente Quadros.
"De um lado, o grupo mais à esquerda, liderado pelo José Aparecido de Oliveira, secretário particular do presidente, que se comprometia com o programa de governo com o qual Jânio se elegeu. Do outro, os conservadores, representados pelo ministro da Justiça e coordenador político do governo, Oscar Pedroso Horta."
'Quadro real'
Na opinião do editor, o livro não esclarece definitivamente os verdadeiros motivos que levaram Jânio a deixar a Presidência, nem revela quais seriam as famosas "forças" citadas à época pelo presidente demissionário como responsáveis pela sua decisão.
Mas, segundo Guimarães, o jornalista procurou mostrar um "quadro real" das vertentes políticas cujo confronto, na sua opinião, levaram à renúncia.
"O texto permite que cada um faça seu palpite", afirmou.

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