São Paulo, domingo, 18 de agosto de 1996
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Para BC, notas completam a fiscalização

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo quer que a ampliação dos serviços de "rating" bancário funcione como um complemento do trabalho de fiscalização realizado pelo BC (Banco Central).
Por esse raciocínio, o "rating" é uma forma de auto-regulação do mercado que desestimula os bancos a assumir riscos excessivos em suas operações.
"Buscamos mecanismos que complementem a ação do BC e, principalmente, que dêem informações para o público sobre a qualidade das empresas", diz Gustavo Loyola, presidente do BC.
Loyola explica que fala em empresas por se referir ao mercado de capitais e aos bancos, em particular. Ou seja: além das agências de "rating", as cotações de ações nas Bolsas de Valores também deverão servir como um indicativo da qualidade dos bancos e das empresas.
Loyola diz que o governo pode, "eventualmente", induzir o desenvolvimento do "rating" bancário. Mas, avalia o presidente do BC, esse é um papel que deve ser assumido pelo próprio mercado.
"Por exemplo: hoje, a maioria dos bancos brasileiros é emissora de bônus no exterior. Este processo requer o 'rating' dos bancos." É que, dependendo da nota, o título pode ou não ser vendido para pessoas físicas, por exemplo.
Mercado externo
A filosofia de desenvolver o relacionamento com as agências de classificação de risco para conseguir maior inserção no mercado externo já tem adeptos nos bancos federais.
O BNB (Banco do Nordeste do Brasil), por exemplo, planeja diversificar suas fontes de recursos captando dinheiro no exterior.
"Percebemos que nossas notas poderiam ser melhores e estamos sistematizando a aproximação com as agências de 'rating"', diz Henrique Jorge de Aguiar, superintendente financeiro interino.
Já a CEF (Caixa Econômica Federal) aguarda uma autorização do BC para poder começar a tomar recursos no mercado externo.
Segundo a diretora financeira, Sandra Beatriz Tavares, a CEF quer acesso ao dinheiro de organismos multilaterais -como o Bird (Banco Mundial) e o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
A diretora encara o "rating" como parte do processo de adequação da CEF às normas técnicas impostas ao sistema bancário, que exigem maior transparência na apresentação de resultados.
(GP)

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