São Paulo, domingo, 18 de agosto de 1996
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Ações de bancos foram boa aplicação após o Real

MILTON GAMEZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Os bancos passaram por dificuldades após o Plano Real, que matou a galinha dos ovos de ouro do setor: a inflação elevada. Mesmo assim, quem investiu em ações de bancos nos últimos dois anos fez um bom negócio.
Quem investiu, por hipótese, em julho de 1994, R$ 100 mil na carteira teórica do Ibovespa (índice das ações mais negociadas na Bolsa paulista) teria, em julho passado, R$ 167,1 mil.
Já quem aplicasse a mesma quantia em ações de bancos no mesmo período embolsaria R$ 217,9 mil.
Os cálculos são da consultoria Economática, feitos especialmente para esta edição.
A amostra inclui os papéis mais negociados dos bancos América do Sul, Bamerindus, Bandeirantes, Banespa, Banrisul, BCN, Besc, Bradesco, BFB, Itaú, Mercantil de São Paulo, BNB, Noroeste, Progresso, Real, Sudameris e Unibanco. Cada um, ponderado conforme seu valor de mercado.
Rentabilidade
A simulação exclui as ações dos extintos Nacional e Econômico, que "viraram pó" com a liquidação extrajudicial de ambos pelo Banco Central.
As ações do Banespa também ficaram de fora, pois o banco não publica balanços desde 1994. Desde o Real até julho passado, elas sofreram queda nominal de 54,29%. Este ano, já caíram 28%.
As ações do Sudameris foram as mais rentáveis após o Real, com variação de 398,56%. Em seguida, aparecem Noroeste (184,43%), Itaú (143,42%) e América do Sul (142,56%). As menos rentáveis foram as do Banco do Brasil, com queda de 47,93%.
Num período mais longo, desde o Plano Cruzado, em 1986, as campeãs de rentabilidade foram as ações do BCN, com rendimento de 23.920% em dólar. As piores foram as do BB, com queda em dólar de 71,94%.
Futuro
Analistas de investimentos recomendam ações de bancos para quem começa a investir agora na Bolsa, mas desde que a perspectiva de retorno seja de longo prazo.
"Os bancos ainda estão se ajustando à queda da inflação", diz Ricardo Leonardos, diretor da Brasilpar Administração de Recursos.
"O processo de reestruturação ainda não terminou. Quem sobreviver ao ajuste sairá fortalecido", acrescenta Marcelo Audi, diretor de análise de investimentos do Banco Patrimônio.
Na sugestão de carteira que faz aos clientes, o Patrimônio separou 8,5% para ações de bancos, recomendando a compra de Bradesco. A Brasilpar não sugere carteiras, mas Leonardos recomenda a compra de 5% a 15% de ações de bancos, conforme o perfil do investidor. As melhores dicas, para ele, são papéis do Itaú e do BCN.
"As ações desses bancos estão subavaliadas", justifica.

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