São Paulo, domingo, 18 de agosto de 1996
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Fundos são o investimento preferido

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

As principais opções de investimento para clientes de bancos são, hoje, a caderneta de poupança, os CDBs (Certificados de Depósito Bancário) prefixados e os fundos. Ações ainda têm público restrito.
A poupança tem as mesmas características em qualquer instituição. O rendimento é fixado pelo próprio Banco Central, que define a TR (Taxa Referencial) para cada um dos 28 "aniversários" do mês. Os bancos só aplicam 0,5% sobre a TR antes de fazer o crédito na conta do poupador.
Os CDBs podem ser prefixados, como prazo de no mínimo 30 dias corridos, e os pós-fixados, de 90 dias, mas as taxas de juros oferecidas variam de banco para banco e até entre agências de uma mesma instituição.
Clientes preferenciais, com muito dinheiro para aplicar, conseguem as chamadas taxas de mesa, mais altas, e não as de balcão ou mesa de gerente de agência.
Em geral, quantias acima de R$ 100 mil já obtêm juros próximos aos mais elevados. Alguns bancos dão taxa boa até para R$ 50 mil. O juro tende a acompanhar o valor da aplicação. Por isso, pequenos e médios investidores devem dar preferência aos fundos de 30 ou de 60 dias ou até à poupança, que deve melhor sua performance até o final deste ano.
Condomínio
Os Fundos de Investimento Financeiro (FIFs) funcionam como uma espécie de condomínio, administrado por determinado banco, que cobra por isso uma taxa de administração. É hoje a alternativa preferida pelos investidores.
Quando alguém faz a aplicação, "compra" determinado número de cotas, resultado da divisão do valor investido pelo valor da cota no dia em que o dinheiro fica disponível para o fundo (na poupança, o "aniversário" é o da data do depósito, mesmo feito em cheque da mesma praça).
Todos os cotistas de um fundo têm o mesmo rendimento porque o que varia é o valor da cota.
A maioria dos fundos tem perfil de renda fixa, com juros balizados pelo CDI (Certificado de Depósito Interbancário). As taxas do CDI são apuradas a cada dia útil no overnight entre os próprios bancos, quando um empresta dinheiro para outro.
Há fundos que rendem 100% do CDI, outros 97%, outros 90% etc. Bancos de atacado (menor clientela, mais rica, e menos agências) costumam pagar mais em seus fundos porque cobram menos pela administração.
Compulsórios
Além da taxa de administração e da composição da carteira do fundo (títulos públicos, CDBs, debêntures etc.), os fundos também têm sua rentabilidade afetada pelos depósitos compulsórios.
O fundo de curto prazo, o que menos rende no mercado, tem compulsório de 42% neste mês (era de 40% até julho). O compulsório vai crescer dois pontos até dezembro, quando chegará a 50%. Se a CPMF passar a vigorar naquele mês, há previsões de que esses fundos vão acabar.
Os FIFs de 30 dias, com possibilidade de saque com juros em datas certas, como numa poupança, têm compulsório de 5%. Do patrimônio, 5% vão para o Banco Central sem render nada, o que afeta (para baixo) os juros.
Os de 60 dias não têm compulsório e, por isso, são os que rendem mais. Muitos deles, entretanto, permitem que a cota varie muito além do CDI, pois fazem operações nos mercados futuros de índice, opções etc. Mas também podem dar prejuízo (o valor da cota pode cair nominalmente de um dia para outro, o que dificilmente ocorre entre os fundos com perfil tipicamente de renda fixa).
FIFs e CDBs pagam 15% de imposto sobre o rendimento no resgate. A poupança é isenta.

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