São Paulo, domingo, 18 de agosto de 1996
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Incidente tira Ângelo Calmon de Sá das ruas

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Desde que o Banco Central decretou a intervenção no antigo banco Econômico, o ex-presidente da instituição Ângelo Calmon de Sá, 60, evita aparições em público. A intervenção foi decretada em 11 de agosto do 95.
Durante este período, Calmon de Sá compareceu a apenas dois eventos na capital baiana: o lançamento de um livro sobre a vida do historiador Pedro Calmon e a uma missa pelos quatro anos da morte de irmã Dulce.
Calmon de Sá resolveu abandonar as aparições em público depois de ter sido vaiado por cerca de dez pessoas que almoçavam em um restaurante japonês de Salvador (BA). O ex-presidente do Econômico também não fala a jornalistas.
Ele está cumprindo apenas duas atividades profissionais. Uma vez por mês, o ex-banqueiro participa da reunião do Conselho Administrativo da Petroquímica Politeno e, todas as manhãs, despacha no escritório da Aratu Seguros (empresa da qual é sócio majoritário), no centro de Salvador.
Fora da rotina diária da época do Econômico -o ex-presidente costumava chegar à sede do banco às 7h-, Ângelo Calmon de Sá tem utilizado seu tempo de folga para pescar na ilha de Itaparica.
Em sua mansão no Morro das Mangueiras, um dos bairros mais valorizados de Salvador, ele tem à disposição quatro empregados e mantém reuniões com seus advogados.
Na Justiça baiana, um relatório de mais de 14 mil páginas feito pelos técnicos do BC aponta cerca de 20 irregularidades que teriam sido cometidas durante sua administração.
O procurador-geral da República, Daciano de Castro, disse que o relatório também indica fraudes nos dois últimos balanços do Econômico. "Para facilitar nosso trabalho, tivemos que separar as denúncias para estudá-las detalhadamente."
O advogado de Calmon de Sá, Nélson Felmanas, disse que não existe nenhuma fraude. "Vamos provar que todos os credores foram ressarcidos."
Segundo Felmanas, Calmon de Sá está colaborando com o processo de recuperação dos créditos do antigo banco. "Ele formou um grupo de trabalho com ex-diretores para ajudar a interventoria do BC nas cobranças."
Felmanas disse que um processo que tramita na 7ª Vara Cível da Bahia contra o Econômico está em fase de arresto de bens dos 60 ex-diretores do banco.
Segundo o advogado, a interventoria está realizando um levantamento de todos os devedores. "Somente em uma segunda etapa é que as empresas do grupo serão vendidas."
Nélson Felmanas disse também que o rombo do Econômico não é de R$ 3,5 bilhões, como foi divulgado pelos técnicos do BC. "Somente depois de efetivado todo o levantamento dos devedores é que se pode calcular o rombo".
O advogado disse também que Calmon de Sá está aguardando apenas a conclusão dos processos para fazer uma viagem de férias. "Ele precisa descansar, mas não pensa em sair da Bahia ou transferir algum dos seus parentes para o exterior enquanto os processos estiverem em andamento."

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