São Paulo, domingo, 18 de agosto de 1996
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Ex-presidente do BC diz que Proer evita quebradeira

FRANCISCO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

Para o ex-presidente do Banco Central Carlos Brandão (março a agosto de 79), a única crise "sistêmica" do setor bancário brasileiro desde a lei 4.595 (1964) é a atual, iniciada pelo aperto de liquidez (disponibilidade de dinheiro) feito pelo Plano Real.
Em carta enviada no dia 4 de julho de 94 ao então presidente da República Itamar Franco, Brandão previu que o aperto, especialmente a determinação de recolhimento compulsório de 100% do crescimento dos depósitos à vista, traria "graves consequências" para o sistema bancário.
"Se não se faz o Proer, ia ser uma quebradeira em cadeia", disse Brandão. Segundo ele, os problemas das décadas de 70 e 80 foram decorrentes de má gestão e não de dificuldades no sistema, tanto que não foi feito nenhum plano de ajuste para resolvê-los.
Fases de euforia
Para o economista Paulo Rabelo de Castro, a história do sistema bancário brasileiro "é reflexo de períodos de euforia não devidamente administrados, seguidos de ajustamentos dramáticos".
Na sua análise, a crise de 73/74 poderia ter causado um grande estrago entre os bancos brasileiros se o então ministro da Fazenda Mário Henrique Simonsen não tivesse criado o financiamento compensatório, um tipo de redesconto especial para socorrer os bancos.
"Muitos bancos grandes de hoje estavam com a língua de fora", disse. Ele concorda que a crise dos anos 80 não atingiu o sistema, mas sim "posições patrimoniais que não tinham como cobrir as pressões exercidas sobre elas".
(FS)

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