São Paulo, domingo, 18 de agosto de 1996
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Modelo do Banerj é o preferido pelo BC

FRANCISCO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O Banco Bozano, Simonsen está administrando o Banerj (Banco do Estado do Rio de Janeiro) desde janeiro deste ano com a missão de sanear e preparar o banco do Rio para ser privatizado.
O gestor privado foi contratado pelo governo do Rio com autorização do Banco Central. O Banerj está sob Raet (Regime de Administração Especial Temporária) do BC desde 31 de dezembro de 94.
A equipe econômica do governo federal não esconde que o caminho da privatização, adotado para resolver o problema do Banerj, é o seu favorito para acabar com a crise do sistema bancário estadual.
O rombo estrutural do Banerj somava R$ 2,4 bi no final de 1995.
O presidente do BC disse que o Bozano já fechou a primeira parte da preparação do Banerj para a venda, que era acabar com seu déficit operacional (R$ 35 milhões por mês em dezembro de 95).
Segundo Paulo Ferraz, presidente do Bozano, Simonsen, em junho deste ano o Banerj registrou um superávit operacional de R$ 300 mil, o primeiro desde que o banco do Rio entrou na atual crise.
Para Ferraz, o equilíbrio é a prova de que o banco é viável. Para chegar a ele, o Bozano reduziu o quadro de pessoal do Banerj de 11.500 para 8.000 pessoas, e o número de agências, de 219 para 193.
Segundo Ferraz, os depósitos à vista do banco cresceram de R$ 316 milhões em dezembro do ano passado para R$ 431 milhões em maio.
A captação via CDB passou de R$ 488 milhões para R$ 989 milhões; e as aplicações nos fundos de investimentos passaram de R$ 94 milhões para R$ 139 milhões.
Ferraz disse ainda que em dezembro do ano passado o Banerj tomava diariamente, de apenas três instituições, R$ 900 milhões por dia para fechar seu caixa. Hoje ele opera com 70 bancos e só precisa captar R$ 600 milhões.
Meridional
A privatização do Banco Meridional se tornou uma incógnita desde que o banco foi retirado do cronograma normal das privatizações na reunião do CND (Conselho Nacional de Desestatização) do dia 29 de junho.
Embora haja justificativa técnica para a retirada do banco do programa, técnicos do próprio governo ouvidos pela Folha suspeitam que essa justificativa acabou favorecendo interesses políticos.
O Meridional foi colocado no Programa Nacional de Desestatização desde o início do governo do ex-presidente Fernando Collor de Mello, mas, mesmo sem necessidade de grandes ajustes, sua venda sempre foi deixada para depois.
Na raiz desse retardamento estava a oposição cerrada à venda do banco feita pelas principais lideranças políticas do Rio Grande do Sul, onde fica a sede do banco. Essa oposição teria ganho agora o reforço de um motivo técnico: os programas de ajuste facilitam a incorporação de bancos em dificuldades por outros sadios, deixando pouco atraente a compra de um banco ajustado, como o Meridional. Para vendê-lo agora, o governo teria de baixar seu preço. No leilão suspenso o preço mínimo era de R$ 296,8 milhões.
(FS)

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