São Paulo, domingo, 18 de agosto de 1996
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Advogado pedirá prisão de testemunhas

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Os dois frentistas convocados a depor no julgamento dos acusados pela morte da atriz Daniella Perez poderão ser presos em pleno tribunal pelo juiz José Geraldo Antônio.
A possível prisão das testemunhas promete ser uma das sensações do mais comentado júri popular dos últimos anos no Rio. O julgamento de Guilherme de Pádua e Paula Thomaz está marcado para o próximo dia 28.
O pedido de prisão partirá de Paulo Ramalho, advogado do réu Guilherme de Pádua. Ele baseará o pedido na suposta prática de falso testemunho pelos frentistas. A prisão em flagrante de testemunhas é prevista pelo Código Penal.
Os frentistas são Antônio Clarete de Moraes e Flávio de Almeida Bastos. Os dois foram localizados pela mãe de Daniella, a novelista Glória Perez. Os depoimentos deles desmentem a versão de Pádua de que Daniella foi porque quis até o local onde morreu, na Barra da Tijuca (zona sul do Rio).
Daniella e Pádua trabalhavam na novela "De Corpo e Alma", da Rede Globo, escrita por Glória Perez. Pádua era casado com Paula Thomaz. Na noite de 28 de dezembro de 1992, o corpo da atriz apareceu em rua deserta da Barra.
Pádua confessou o crime no dia seguinte. Paula Thomaz foi presa dias depois, mas sempre negou participação. Segundo Pádua, ele e a atriz tinham um caso. Eles teriam ido até o local do crime para terminar o romance. A família de Daniella -casada com o ator Raul Gazolla- sempre negou o romance. Empenhada em mostrar que Pádua mentia, Glória Perez achou três frentistas meses após o crime.
Dois ex-empregados -Flávio Bastos e Danielson da Silva Gomes- do posto Alvorada (Barra) disseram à Justiça ter visto o Escort de Daniella ser interceptado por um Santana (marca usada por Pádua naquela noite). Segundo eles, um homem desceu do carro, deu soco na atriz, colocou-a no Santana e assumiu o volante do Escort. Uma outra pessoa -os frentistas não dizem não se homem ou mulher- seguiu atrás com o Santana. Daniella teria parado no posto para abastecer. O suposto ataque ocorreu na saída do posto.
Gomes não foi chamado para o julgamento. Bastos foi convocado pela promotoria. O segundo frentista chamado é Antônio Clarete de Moraes, que disse ter lavado o Santana de Pádua após o crime, no posto Nova Ipanema, na Barra.
O advogado de Pádua diz ter provas de que Daniella não parou no posto Alvorada nem Pádua lavou o carro no Nova Ipanema. Ramalho anexou ao processo cópia de cheque assinado por Daniella -com data do dia do crime- recebido pelo Auto Postinho (Lagoa).
"Ela não ia abastecer no Alvorada porque já tinha abastecido no Auto Postinho. Esses frentistas são mentirosos e pedirei a prisão deles no julgamento", disse Ramalho.

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