São Paulo, domingo, 18 de agosto de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DEPOIMENTO

"Nasci diferente das outras pessoas -acho que é porque meus pais são primos-irmãos- e desde sempre sofro com isso. Fui rejeitada em casa, na rua, na escola e no trabalho. Achei que em São Paulo, uma cidade grande e rica, as pessoas de uma maneira geral seriam mais civilizadas, mas me enganei. Passei por muitas humilhações aqui. Teve homem que quis colocar a mão em mim para saber como era e também para se exibir para os outros. Às vezes dava desespero. Nunca desisti de procurar um especialista que me ajudasse. Encontrei aqui em São Paulo. Em janeiro me submeti a uma cirurgia plástica corretiva, para reconstituir a minha parte feminina, e também a um tratamento com hormônios. Hoje me sinto muito melhor. Minha identificação sempre foi maior com o lado feminino -apesar de já ter tido algumas características masculinas, como pêlos no rosto. Estou em São Paulo há cinco anos e tenho um namorado que compreendeu meu problema e gosta muito de mim. Meu sonho é que meu pai reconheça que eu não tenho culpa disso tudo e me receba como filha."

Maria José Silveira, 34, é cearense e migrou para São Paulo para se tratar.

Texto Anterior: Jeito de homem causa constrangimento
Próximo Texto: Insistem em seguir e vigiar
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.