São Paulo, domingo, 18 de agosto de 1996
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Lojas e políticos se aproveitam de onda

DO ENVIADO ESPECIAL A VARGINHA

Para uma criatura que talvez só exista na imaginação das pessoas, o ET de Varginha (MG) já mobilizou e continua mobilizando muita gente e dinheiro na cidade.
Hotéis, supermercados, cinemas e até políticos procuram se promover à custa do extraterrestre.
É o caso do taxista e candidato a vereador pelo PMDB José Sanches Tavares, 47, que registrou o nome "ET" na Justiça Eleitoral.
Espera, com isso, embolsar todos os eleitores que quiserem protestar votando no extraterrestre.
Pelas suas contas, a estratégia vai lhe render 100 dos 500 votos necessários para se eleger.
Tavares não faz questão de divulgar a idéia. "Quem foi o corneteiro que te contou?", perguntou ao repórter, ao ser indagado sobre a estratégia.
Nas camisetas, o slogan "Vote no ET" não traz seu número, nome ou sigla do partido. "Não estou associando uma coisa à outra."
A estratégia de Tavares inviabilizou o slogan de outro candidato, José Geraldo Ribeiro, 36, o Zé Carcinha. Após atrelar sua campanha ao bordão "ET vota em Zé Carcinha", Ribeiro decidiu apagar as pixações que havia feito pela cidade.
"Eu estava fazendo propaganda para o outro candidato", diz Zé Carcinha, que concorre pelo PFL.
A influência do ET é tão grande na política local que Luciane Rodrigues de Almeida, 29, filha do prefeito da cidade, pensou duas vezes antes de responder sobre sua crença na história da aparição.
"Eu não falo nem sim nem não", afirmou, na saída do filme "Independence Day" em cartaz na cidade.
Comércio
No auge da febre do ET, camisetas, chaveiros e miniaturas com a imagem do suposto extraterrestre eram comuns em lojas da cidade. Hoje, o comércio é menor.
O supermercado Oba-Oba, no centro da cidade, é um dos poucos que ainda recorrem à aparição.
Pintados em uma das portas do mercado, dois ETs de macacão alardeiam prazos de pagamento "do outro mundo".
"O pessoal tira fotos, filma. O painel chama a atenção", afirma Marly da Silva, 33, gerente.

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