São Paulo, domingo, 18 de agosto de 1996
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Criciúma se surpreende

HUMBERTO SACCOMANDI
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente do Criciúma, Joacir Scremin, se surpreendeu ao ser informado de que seu clube era o único do Campeonato Brasileiro sem dívidas de INSS e FGTS.
"Gostaria de saber como os outros conseguem. Também quero". ironizou.
Scremin se eximiu do crédito pela pontualidade do clube no pagamento de impostos. "Assumi na última segunda-feira."
Segundo ele, o pagamento em dia das contribuições é norma no clube. Essa cultura se deve em parte ao fato de o Criciúma ser ligado a uma empresa, a Cecrisa, que produz produtos em cerâmica.
O presidente ressaltou que a situação é injusta, pois os clube que não pagam podem desviar o dinheiro para o futebol.
(HuSa)
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Folha - Apesar de ser uma questão inusitada, por que o Criciúma não tem dívidas em contribuições federais?
Joacir Scremin - Sempre foi uma meta dos clubes, em administrações anteriores, pagar religiosamente em dia as obrigações com tributos do governo.
Folha - O que o sr. acha de ser o único clube em dia?
Scremin - Gostaria de saber como os outros 23 conseguem não pagar. Eu também quero. Acontece que o clube pequeno é sempre o que mais sofre. Os grandes têm mais expressão e conseguem achar subterfúgios, brechas jurídicas.
Folha - Alguns pagarem mais e outros menos não cria desequilíbrios entre os clubes?
Scremin - Claro, pois dá margem aos clubes que não pagaram de reverter isso no futebol.
Folha - O Criciúma pretende atrasar suas contribuições?
Scremin - Não. Mas gostaríamos que o governo ou a CBF desse algum incentivo, algum benefício, para quem está em dia. Poderia ser uma linha de crédito, com prazo e juros favoráveis. Estamos precisando contratar, mas não temos caixa. É preciso também moralizar daqui para a frente, e fazer com que os clubes paguem as dívidas atrasadas.
Folha - O Criciúma tem dívidas? Quanto deve?
Scremin - Quando assumi, na última segunda, o clube devia cerca de R$ 800 mil, a bancos, fornecedores, funcionários e jogadores.
Sensibilizamos a cidade e conseguimos junto a empresários dinheiro emprestado pagar pagar funcionários e jogadores. Mas a dívida continua.
Folha - O ministro da Previdência acredita que o Estado financia o futebol, através de isenções e tributos não pagos. Ele pretende aumentar a carga tributária dos clubes. O que o sr. acha?
Scremin - Bom, o Criciúma não é financiado pelo Estado. Se alguém é, não deveria ser. Mas já estamos apertados do jeito que está. Se aumentarem os impostos, vai ficar difícil.

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