São Paulo, domingo, 18 de agosto de 1996 |
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Gato e andorinha vivem amor delicado
MÔNICA RODRIGUES COSTA
O espetáculo é conciso e preciso. Apenas com dois personagens em cena, centra o enredo no encontro da andorinha Sinhá com o Gato Malhado, inimigos naturais. Predador de pássaros, o Gato Malhado (Carlinhos Rodrigues) jamais pensara em uma amizade com Sinhá (Drica Vieira). Ela, ao contrário, costumava observá-lo da árvore. Até descer para desafiar. No princípio houve desconfiança e muita discussão, que os atores interpretam com naturalidade, sem retórica. Sinhá acha Malhado feio, convencido, mau e corajoso. Malhado a considera metida e com cara de Melissinha. Conta vantagens e diz-se capaz de grandes maldades. Na infância tinha um rato de estimação que usava como ioiô. Furou os olhos dele, cortou as patas. Sinhá é uma andorinha aventureira, devido a sua própria natureza. Exibe-se contando as viagens para o Canadá e para o México. Marcadas as diferenças, a direção, de Cintia Alves, põe em foco a impossibilidade de dois seres antagônicos compartilharem o amor. Sinhá conquista Malhado. As cenas seguintes revelam o encantamento dos dois, apresentado de forma delicada. Há um certo pieguismo, mas a peça é contida, não descamba para o melodrama. A inspiração em Jorge Amado favorece o tratamento do tema. Amado sempre esteve interessado na expressão dos diferentes e no desafio ao comportamento padrão. Foi assim com "Mar Morto", "Capitães da Areia", "Dona Flor e Seus Dois Maridos". Sinhá e Malhado namoram e se divertem. A fluência dos diálogos e a suavidade de movimentos estão em harmonia com o cenário e a competente trilha sonora (André Pink), sem as tradicionais redondilhas infantilizadas, para crianças. A exuberância se concentra nos pêlos e penas dos animais, no figurino com colagens exóticas. O encantamento é quebrado quando surge o Rouxinol nas conversas -escolhido para casar com Sinhá. As crianças entendem bem esse princípio de realidade rompendo o sonho. Peça: Uma História que a Manhã Contou ao Tempo para Ganhar a Rosa Azul Direção: Cintia Alves Elenco: Drika Vieira e Carlinhos Rodrigues Onde: Teatro Arthur Azevedo (av. Paes de Barros, 955, tel. 292-8007) Quando: Sábados e domingos, às 16h Quanto: R$ 5,00 Texto Anterior: Bienal tem roteiros para todos os gostos Índice |
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