São Paulo, domingo, 18 de agosto de 1996
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Ações surgiram como propaganda política

DA "SEMANA"

A guerrilha e os criminosos usam os sequestros para fins variados, e cada um tem seu estilo. Na última década, o ELN foi o principal responsável por esses crimes.
Desde a década de 80, essa organização iniciou uma escalada de sequestros com fins de propaganda política, cujas vítimas foram prefeitos, funcionários municipais e parlamentares, submetidos a "julgamentos revolucionários".
Essa modalidade, ainda vigente, permite aos guerrilheiros intimidar as autoridades e acaba se convertendo em um mecanismo de pressão sobre prefeitos e vereadores, que confere poder aos guerrilheiros e ao mesmo tempo lhes garante recursos econômicos.
Segundo especialistas, as principais vítimas dos sequestros executados pelo ELN são proprietários e funcionários de transportadoras, mineradoras e exportadores.
A julgar pelos documentos históricos, foram os "elenos" (guerrilheiros do ELN) que introduziram o sequestro como financiamento.
Autoria disputada
Num livro publicado clandestinamente vários anos atrás e intitulado "Camilo Caminha na Colômbia", Nicolás Gabino, o segundo em comando do grupo, conta: "Fazíamos ações de comando na cidade e assaltávamos bancos para conseguir dinheiro. Em 69, começamos as retenções de pessoas, também para conseguir dinheiro. Fomos nós que começamos isso na Colômbia".
As Farc não ficaram para trás e pouco tempo depois do ELN se lançaram no ramo dos sequestros. Desde 1995, superam os "elenos" em número de sequestrados e montante de recursos obtidos.
O M-19 (Movimento Revolucionário 19 de Abril), por sua vez, utilizou uma estratégia seletiva, pela qual, com poucos sequestros, obteve resgates lucrativos. Mas o M-19 também usou o sequestro como instrumento político.
O grupo dos "extraditáveis" recorreu a essa prática para pressionar o Estado e a sociedade com os sequestros de personalidades.
No final de sua vida criminosa, o líder do cartel de Medellín Pablo Escobar, morto em dezembro de 93, também recorreu ao sequestro econômico, quando a pressão das autoridades o impediu de ganhar dinheiro com o tráfico de drogas.

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