São Paulo, domingo, 18 de agosto de 1996
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Festa de arromba

MARCELO MANSFIELD
ESPECIAL PARA A FOLHA

"Aqui é Lia de Aguiar" anunciava minha secretária eletrônica, que naquele momento tomava ares de 100 trombetas anunciando o óbvio. A primeira-dama da televisão brasileira ligava para um súdito fiel. O motivo? Uma festa na casa da estrela número um da telenovela, a atriz do primeiro beijo, Vida Alves, para anunciar o novo endereço da Associação dos Pioneiros da Televisão.
Para completar, a festa seria no Sumaré, a Beverly Hills da Paulicéia, onde eu andava de bicicleta, lembram? Foi o primeiro caso de enfarte em secretárias eletrônicas que se tem notícia.
Logo que cheguei, acompanhado de minha grande amiga Cristina Kater, fomos recebidos pela própria Lia de Aguiar, a quem não se consegue, nem se deve chamar de outra coisa a não ser "senhora", tamanha a sua óbvia classe, beleza e magnetismo pessoal.
Vida Alves logo apareceu para nos cumprimentar, e de cara me lembrei de "Vida Convida", um de seus muitos sucessos na TV Tupi. Anfitriã da noite, logo nos mostrou a parede cheia de autógrafos que faria o Chinese Theatre, em Los Angeles, corar de vergonha, tamanha a quantidade de nomes, enquanto um pequeno exército de simpáticas garotas nos servia salgados, doces e bebidas.
Vida continua convidando. Com muito estilo, Lolita Rodrigues, como sempre elegante, estava numa roda de amigos bem ao lado de uma preciosidade: o primeiro aparelho portátil de TV, de 1955. Ali pertinho, Márcia Maria, loira e linda. Do outro lado, Carmen Marinho, também linda, porém não loira. Rildo Gonçalves e Jonas Mello não sabiam para qual olhar. Marcos Plonka e sua mulher Olivia Camargo faziam brincadeiras com todos, enquanto Hélio Souto e Walter Forster provavam que "galã que nasce galã nunca perde a majestade".
Geórgia Gomide acompanhada do filho, falou sobre "Teresa", que, de acordo com a própria, foi um sucesso tão grande que nem ela sabia a dimensão que sua megera tinha junto ao público.
Edi Cerri, a primeira Narizinho de "O Sítio do Pica-pau Amarelo", brincou dizendo que mudou de carreira, virou dona-de-casa. Como dona Benta.
Yara Lins nos conta que, tempos depois de anunciar "a primeira emissora da América Latina" na inauguração da TV Tupi, descobriu que, em Cuba, a televisão já existia há... vinte dias. E que Lima Duarte era um grande sonoplasta antes de ser a voz do Mandachuva ou Sassá Mutema.
Maximira Figueiredo, protagonista de "Cadeia de Cristal", da TV Paulista (hoje Globo) conversava num canto, enquanto que no outro, Renato Consorte trocava figurinhas com antigos colegas.
O simpático diretor Luís Gallon me disse que há muito tempo usa o termo "TV a Lenha", no mesmo instante em que eu ouvia a inconfundível voz de Cesar Monteclaro.
Mario Fanucchi, autor do maravilhoso livro "Nossa Próxima Atração" (Corra para comprar!) nos apresentou sua bela e simpática esposa e, em seguida, nos deu a melhor meia hora sobre a história da TV Tupi que se pode imaginar.
Para aqueles versados no cinema americano e que talvez nem saibam que exista a Associação de Pioneiros de Televisão, aqui vão algumas curiosidades: Yara Lins tem os olhos mais bonitos que se possa imaginar, de uma cor indefinível, que varia entre verde, castanho e cor de mel (Elizabeth Taylor que se cuide...). Geórgia Gomide tem uma pele de fazer inveja a Winona Rider. Lolita Rodrigues e Lia de Aguiar são donas de uma energia que fariam Macaulay Culkin pedir aposentadoria por invalidez. Vida Alves recebe tão glamourosamente como Marino Davies e William Randolph Hearst... este último, aliás, muito comparado a Assis Chateaubriand, o pai da TV brasileira.

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