São Paulo, domingo, 18 de agosto de 1996
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MTV festeja 'boom' do clipe nacional

ELAINE GUERINI
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando a MTV chegou ao Brasil, em 1990, o modesto mercado local de clipes ainda rodava seus trabalhos em videoteipe e a linguagem se confundia com a do curta-metragem -a idéia era contar uma história a partir da letra da música.
Passados seis anos, os clipes são rodados em películas de cinema, já usam recursos sofisticados e a produção não pára de crescer. Enquanto 12 trabalhos nacionais concorreram ao prêmio MTV de 1991, a edição deste ano contou com 260 inscritos.
A cerimônia de premiação do MTV Video Music Brasil acontece nesta quinta, no Anhembi. Essa é a segunda edição brasileira do evento -em outros anos, o escolhido no país recebia o prêmio na festa norte-americana.
"A MTV atuou diretamente na evolução do clipe nacional ao ampliar o mercado. Antes da chegada da emissora, só o 'Fantástico', o 'Som Pop' e o 'Clip Trip' apresentavam alguns trabalhos brasileiros", diz André Vaisman, 31, diretor de programação e produção da MTV.
Segundo o diretor, o mercado nacional ainda não tem identidade própria. "Mas isso não é tão urgente. O que importa é que a linguagem se desenvolveu, se fragmentou. As imagens não precisam mais contar uma história e podem até 'tirar sarro' da própria música."
Em termos de recursos técnicos, o mercado nacional não está mais defasado em comparação com os EUA. "Ainda sou estreante no mundo do clipe e já gravei com microcâmera", afirma o cantor João Marcello Boscoli, 25 -sua música "Flor do Futuro" concorre este ano nas categorias MPB e edição.
A grande diferença entre o clipe nacional e o americano é o orçamento. "Enquanto eles gastam no mínimo US$ 200 mil na produção, as gravadoras daqui investem de US$ 30 mil a US$ 70 mil", conta o diretor Andrucha Waddington, 26, um dos sócios da Conspiração Filmes.
"Com uma verba tão baixa, é preciso fazer mágica", diz Andrucha, que concorre ao prêmio de direção deste ano com "Lourinha Bombril", do grupo Paralamas do Sucesso.
"O investimento ainda é maior no rádio. Mesmo assim, passamos a investir 20 vezes mais em clipes nos últimos anos", diz Alexandre Katenas, 28, diretor de marketing da Polygram.
Segundo Zeca Fernandes, 32, coordenador de marketing da Sony, são produzidos atualmente de dois a três clipes por disco. "Antes, era um e olha lá."

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