São Paulo, segunda-feira, 19 de agosto de 1996 |
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PMDB oferece exames ginecológicos
XICO SÁ
A Folha flagrou, na última terça-feira, uma equipe do hospital Pérola Byington (Centro de Referência da Mulher) realizando exames para favorecer os candidatos à Prefeitura, José Aristodemo Pinotti, e a vereador Milton Leite (PMDB). A equipe do centro, que foi fundado por Pinotti e é mantido com recursos do Estado, atendia eleitoras no Jardim Souza, próximo à represa de Guarapiranga, na periferia da zona sul da cidade. Oferecer vantagens em troca de votos é proibido pela legislação eleitoral, que veta também o uso de funcionários e equipamentos públicos em eventos eleitorais. A equipe do hospital atendia pacientes em dois trailers instalados na rua Maria José de Souza, onde funciona um minicomitê do candidato a vereador. Para convocar as eleitoras, uma Kombi do PMDB rondava o bairro, anunciando o serviço de exames ginecológicos gratuitos. A Folha conversou com mulheres que utilizaram os serviços sem pagar nada. Elas pediram para não ser identificadas, elogiaram a equipe de saúde, mas disseram que não significava uma garantia de votos. "Dr. Pinotti" Na véspera, segunda-feira, foram distribuídos panfletos para mobilizar as mulheres. Todo o material continha o nome do candidato a vereador e a lembrança de que o trabalho seria feito pela "equipe do Dr. Pinotti". O candidato do PMDB informou, por intermédio da sua assessoria de imprensa, que desconhecia o uso eleitoral de equipamentos e pessoal do Centro de Referência da Mulher. Os assessores do PMDB informaram ainda que o candidato do partido vai pedir explicações ao hospital sobre o caso. Uso eleitoral O candidato a vereador Milton Leite, dono de uma construtora e um dos principais responsáveis pela vitória de Pinotti na convenção do PMDB, disse que o atendimento às mulheres não tem ligação com a sua campanha à Câmara Municipal. "O Pinotti ofereceu uma equipe dele para atender uma série de entidades, mas esse trabalho é feito há muito tempo, antes da eleição", afirmou. "Eu condeno esse tipo de prática e jamais faria tal coisa." A auxiliar de enfermagem Sônia Nóbrega, da equipe do Centro de Referência da Mulher, disse que, nas visitas do trailer à periferia, consegue atender até 80 pessoas por dia em São Paulo. Ela não quis falar sobre o uso eleitoral da equipe médica. Disse que fazia, há pelo menos um ano, um trabalho técnico e de muita utilidade para as mulheres pobres. Texto Anterior: Fim-de-semana em bairros pobres e sem lazer concentra homicídios Próximo Texto: Pesquisas estimulam 'guerra de caciques' Índice |
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