São Paulo, segunda-feira, 19 de agosto de 1996 |
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Abreu explora o universo masculino
DANIELA ROCHA
Depois do sucesso do drama "O Livro de Jó", ele volta sua pesquisa para o universo masculino em uma fórmula mais leve, mas tocando fundo nos pontos que afligem os homens hoje em dia. Abreu lançou na semana passada o "Projeto Homens", uma comédia musical com estréia prevista para o próximo mês que tem título provisório "Lobos". Na realização de pesquisas sobre o tema, Abreu usa observação do dia-a-dia dos homens e também analisa a evolução de seu comportamento na história. "Nos séculos 18 e 19, o homem era agregado à família. Com a industrialização, ele perdeu esse vínculo. A economia determina suas horas de trabalho e não lhe dá opção. O homem perdeu a mítica de ser o herói que molda o mundo. Hoje o mundo regula sua vida sem que ele tenha controle algum", afirma Abreu. Impasses Com isso, o homem vive hoje um impasse quanto a escolhas de vida, comportamento com as mulheres, filhos e outros assuntos. "Quis tentar entender um pouco a psique masculina. Homens e mulheres não se entendem naturalmente, porque são almas antagônicas e complementares, por isso sempre haverá um descompasso. Mas ele também não entende a si próprio, não domina todas as transformações que acontecem com ele." A peça é dividida em esquetes que traçam a trajetória de seis homens. Cada esquete mostra as mudanças na postura de cada um deles por meio de encontros em um mesmo bar. "O bar é a figura central da peça. É o local do universo masculino por excelência. Ali se formam rodas de amigos, e o local chega a ser até perigoso para mulheres, já que podem haver brigas. Mulher não entra." Ainda assim, Abreu não definiu se vai agregar à história trechos com participação em palco de uma personagem feminina. A história começa ainda na adolescência. "Esse é o momento mais masculino, quando o garoto rompeu com sua família e ainda não tem vínculos com o universo feminino. Só existe ele e sua gangue", diz. Aos poucos, as ligações estreitas com os amigos são rompidas e os interesses mudam. Aparecem os casos, as namoradas, o impasse entre ficar só ou ficar mal acompanhado. Código de conduta A comédia também vai abordar o que Abreu batizou de código de conduta masculino. "Existe um código simples, mas que eu não consigo entender a razão de existir. Por exemplo: homem paga bebida, que é um vício, até para um desconhecido, mas nunca paga cigarro. Homem não chora. Se chorar na frente dos outros, ninguém consola. Todos ficam em silêncio em respeito a ele, mas também porque ninguém sabe ao certo o que fazer. Depois do ocorrido, ninguém toca no assunto", exemplifica Abreu. Tudo isso, segundo ele, acaba entrando no espetáculo de forma bem-humorada e com muita música. Texto Anterior: Público encontra Paulo Coelho e Angélica Próximo Texto: Encontro revela família Índice |
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