São Paulo, segunda-feira, 19 de agosto de 1996 |
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Série do GNT revive a morte de Getúlio Vargas
ESTHER HAMBURGER
As explicações oficiais para as mortes por assassinato, acidente de carro ou avião, doença ou suicídio não convencem. A opinião pública parece preferir a emoção das versões conspiratórias. Enquanto a dúvida em torno do assassinato de PC Farias resiste e o corpo do motorista de Juscelino é exumado, o GNT exibe a partir de amanhã, às 22hs, um documentário sobre os conturbados últimos dias do presidente Getúlio Vargas. O último capítulo irá ao ar no dia 24 de agosto, justamente para rememorar a comoção causada pela morte dramática do "pai dos pobres", 42 anos depois. A julgar pelo primeiro dos cinco episódios do seriado, "Os Cinco Dias que Abalaram o Brasil" reconstitui com minuciosa competência os eventos que cercaram a controvertida figura de Getúlio Vargas. O programa é denso em informações históricas. Depois do romance "Agosto", de Ruben Fonseca, adaptado para a televisão, o documentário representa mais um esforço de destrinchar para o grande público o maior mito do populismo brasileiro. Baseado em pesquisa extensiva, o roteiro de Fernando Morais alinhava as várias facetas contraditórias do gaúcho que foi o líder popular modernizador antioligárquico da revolução de 30, o legendário ditador do Estado Novo, criador do DIP, admirador de Hitler e, finalmente, o líder nacionalista que encerrou sua carreira ao lado dos trabalhadores. O documentário é dirigido por Mauro Lima e conta com um núcleo ficcional de radialistas que vão narrando os acontecimentos. A trilha sonora original é de Moreno Veloso e Maurício Pacheco. As ambiguidades de uma figura que deu o tom de uma época que se encerra nos anos 90 com a globalização, as privatizações e a fragmentação do Estado ficam bem marcadas no olhar penetrante de Olga Benário -judia alemã, grávida de um filho de Luís Carlos Prestes, repatriada por Getúlio para ser morta nas mãos da Gestapo. "Os Cinco Dias que Abalaram o Brasil" é a segunda produção na linha documentário histórico da Globosat com Guilherme Fontes. A primeira foi a adaptação de "Chatô", também de Fernando Morais. Bem dirigida por Walter Lima e fotografada por Walter Carvalho, "Chatô" foi inexplicavelmente perdendo qualidade ao longo dos episódios. Texto Anterior: Peça tem sutileza do cinema chinês Índice |
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