São Paulo, segunda-feira, 19 de agosto de 1996
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Violência; Parecer; Velho hábito; Protesto; O termo certo; Estranheza

Violência
"É louvável a criação do Reage São Paulo. Precisaram tombar jovens da classe média para 'acordar' a sociedade civil.
Esperamos também que a reação chegue às periferias das zonas Sul e Leste, onde muitos tombaram e tombam sem 'reagir'."
Paulo Fiorilo (São Paulo, SP)
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"É preciso deixar claro que a igreja não defende o crime, mas o condena energicamente. Defendemos com intransigência a dignidade de toda pessoa humana, sem nenhuma exceção.
Os culpados pela onda de violência em nossa cidade são muitos.
As causas estruturais, como o desemprego de milhões e a miséria, são violências invisíveis e cotidianas, que matam lentamente.
O tráfico aberto e impune do crack nas ruas e praças de São Paulo é a causa imediata. Produz mortes inúteis em todas as classes sociais.
O Estado é o grande culpado, pois não investiga, não julga e não pune os culpados.
O ódio não mudará essa situação, mas sim um plano efetivo de controle de armas, repressão ao narcotráfico e supressão da corrupção policial.
Discursos em favor da pena de morte e contra os direitos humanos só servem para fazer crescer a violência. Querem jogar combustível numa fogueira que já queima a todos."
Fernando Altemeyer Júnior, padre, assessor de comunicação da Arquidiocese de São Paulo (São Paulo, SP)

Parecer
"A propósito da reportagem 'Intervenção em SP/STF pressiona e Procurador envia parecer' (15/8), a assessoria de comunicação social da Procuradoria Geral da República tem a esclarecer o seguinte:
a Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) nº 1.098 foi encaminhada à Procuradoria Geral da República no dia 29 de novembro de 1995, e vem sendo examinada pelo procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, juntamente com outros processos.
Não houve nem está havendo nenhuma pressão do Supremo Tribunal federal no sentido de apressar a elaboração do parecer sobre essa Adin de autoria do governo de São Paulo, relativa ao regimento interno do Tribunal de Justiça daquele Estado.
Essa ação vem tendo uma longa tramitação desde 25 de agosto de 1994, quando deu entrada no STF, com pedido cautelar decidido, após vários pedidos de vista de ministros do Tribunal, em 14 de dezembro do mesmo ano.
Publicado o acórdão, suspendendo a eficácia do regimento interno do Tribunal de Justiça de São Paulo, em 28 de abril de 1995, o Tribunal paulista entrou com embargos de declaração contra a liminar concedida, que foi julgada no dia 25 de maio do mesmo ano.
Após essa decisão, o processo foi encaminhado à Advocacia Geral da União, em 16 de outubro de 1995.
Deve ser dito que a matéria em questão é altamente complexa, como se exemplificou pelo número de pedidos de vista dos ministros do STF, distribuída atualmente em 11 alentados volumes."
Antonio Arrais, assessor-chefe de comunicação social da Procuradoria Geral da República (Brasília, DF)

Velho hábito
"O ombudsman da Folha voltou das férias mantendo o velho hábito paulistano de imaginar que São Paulo (capital) é o centro do mundo.
Na mesma coluna, e de uma só vez, o ombudsman discutiu vários temas que dizem mais respeito a São Paulo do que a qualquer outra região do Brasil.
'PAS'/'Cingapura'/'Menos um ombudsman'/'Na roda' são parágrafos ligados principalmente à realidade local.
Se o jornal ostenta, na sua primeira página, uma logomarca que indica ser uma edição nacional, deveria fazer jus a esta referência, pelo menos aos domingos."
Luiz Henrique Amorim (Salvador, BA)

Resposta do jornalista Marcelo Leite - Procuro tratar em minha coluna dos temas que considerei mais importantes na semana, independentemente da origem geográfica das notícias. De qualquer maneira, acredito que as observações sobre a superficialidade jornalística da cobertura das eleições municipais não se aplicam apenas à maior cidade do Brasil.

Protesto
"Protesto veementemente contra as posições reacionárias quanto ao racismo expressas na imprensa quando das opiniões sobre o caso Tiririca.
Irritante torná-lo vítima pelo simplório. Ele não é inocente. A Sony é co-responsável, a empresa não é ignorante.
As reflexões não examinam as consequências sociais dessas manifestações racistas sobre a vida nossa de afro-descendentes.
Somente nós, negros, é que sofremos as consequências, e a sociedade branca liberal segue perseguindo seus lucros e contando os nossos mortos."
Henrique Cunha Jr., professor titular da Universidade Federal do Ceará (Fortaleza, CE)

O termo certo
"Em relação ao rodízio de carros imposto pelo poder público aos cidadãos de São Paulo, incomoda-me o uso do termo 'adesão' para o comportamento da população frente à referida medida.
No 'Dicionário Escolar da Língua Portuguesa', de Francisco Silveira Bueno, o substantivo feminino 'adesão' significa acordo, ligação, aprovação, consentimento. A conotação positiva é evidente.
Não concordo, não aprovo, mas obedeço à lei e acredito que o mesmo ocorra com muitos habitantes da cidade."
Fábio L.M. Montenegro (São Paulo, SP)

Estranheza
"Nós, da assessoria de imprensa da Prefeitura de Diadema, temos estranhado a atitude da Folha.
O Datafolha já realizou duas pesquisas de opinião sobre o desempenho de 13 prefeitos do interior de São Paulo (resultados publicados em 5/5/96 e 21/7/96 na Folha Sudeste, com circulação restrita à região de Campinas) e em ambas o prefeito de Diadema, José Filippi Jr., é o primeiro colocado. Os leitores de Diadema não souberam da boa nova sobre sua atual administração, pois a Folha Sudeste não circula no município.
Estranhamente, esse fato não se tornou notícia no próprio jornal que promoveu a pesquisa."
Jô Azevedo, coordenadora da assessoria de imprensa da Prefeitura de Diadema (Diadema, SP)

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