São Paulo, segunda-feira, 19 de agosto de 1996 |
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CUNHADO É PARENTE Às vezes vale a pena recorrer à etimologia para conhecer o sentido das palavras. Apesar de aprovada pela Câmara, ainda pendente de ratificação pelo Senado, a emenda constitucional que considera, como hoje já é simbólico graças a Brizola, que cunhado não é parente, no original latino cunhado ("cognatus") significa exatamente parente por consanguinidade, aquele que "nasceu com". É evidente que a língua e os costumes mudam, evoluem. O que era uma coisa na velha Roma não é mais necessariamente válida hoje no Brasil, mas o casuísmo da proposta não poderia ser mais claro. Ela foi feita pelo deputado federal Antônio dos Santos (PFL-CE). Ele pertence à coalizão que apóia a candidatura de Edson Queiroz (PPB-CE) à Prefeitura de Fortaleza. Queiroz é cunhado do governador do Ceará, Tasso Jereissati, um dos mais importantes caciques do PSDB. Para além de explicar as mudanças no sentido das palavras, o episódio indica a inconsistência política dos partidos brasileiros. Uma aliança que inclui os liberais PFL e PPB com o apoio do em tese social-democrata PSDB é realmente digna de nota. Pior, os partidos de "esquerda" como PT e PC do B apoiaram a medida, alegando que ela não valeria para 96. Como vê pelo ocorrido, o país necessita, e com bastante urgência, de um pouco mais de consistência ideológica e menos marketing em seus partidos políticos. Texto Anterior: APOSTANDO NO CONSUMO Próximo Texto: A bancada do preconceito Índice |
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