São Paulo, segunda-feira, 19 de agosto de 1996
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APOSTANDO NO CONSUMO

A 14ª edição da Bienal do Livro em São Paulo promete desde já a seus visitantes pelo menos uma novidade em relação aos eventos anteriores: uma significativa ampliação na oferta de títulos com preços bastante reduzidos, nas áreas de economia, política, história e sobretudo literatura brasileira ou internacional -dentre estes, alguns clássicos.
A meta é atingir o público de baixa renda que, embora beneficiado pela estabilização econômica, ainda se encontra impossibilitado de cultivar o hábito da leitura, em face dos elevados preços praticados no mercado editorial brasileiro.
É claro que a expectativa de que 1,5 milhão de pessoas compareçam ao evento (dentre os quais 500 mil jovens) não constitui a única motivação para que sejam oferecidas algumas dezenas de obras a preços que variam de R$ 1,5 a R$ 3.
Tal como nos países desenvolvidos, em que o hábito da leitura desenvolveu-se junto a boa parte da população, alguns editores brasileiros procuraram diminuir os custos das publicações, substituindo o papel off-set pelo papel de jornal, reduzindo o formato e produzindo tiragens de pelo menos 10 mil exemplares.
Num momento em que, segundo duas recentes pesquisas do Datafolha, 66% dos entrevistados manifestaram desejo de ampliar os hábitos de leitura e 50% de jovens entre 16 e 20 confessam, lastimavelmente, não ter lido nem sequer um único livro nos últimos 12 meses, todo e qualquer estímulo ao consumo é, sem dúvida, alvissareiro.
Embora infelizmente representem ínfima parte dos 152 mil títulos expostos durante a Bienal, as ofertas poderão servir como um experimento para avaliar as reações do público leitor (real ou potencial) a esse tipo de facilitação.
Em caso positivo, o mercado editorial brasileiro encontrará, no mínimo, outra boa razão para que contribua mais diretamente para o incremento ao saudável e necessário hábito da leitura no país.

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