São Paulo, quarta-feira, 21 de agosto de 1996 |
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'Borsalino e Cia' fuzila o existencialismo
MARCELO REZENDE
Se na primeira aventura o espectador encontrava a grande dupla do cinema francês do período (Alain Delon e Jean-Paul Belmondo), dominando a cena do crime da cidade de Marselha, agora há Delon solitário. O filme se inicia com o funeral do melhor amigo de Roch Siffredi, assassinado por uma quadrilha de italianos, e com um extremo desejo de vingança. Delon enterra Belmondo e parte em direção às metralhadoras e ao sangue. Todo o esquema do filme de Jacques Derray se resume a essa trajetória. Delon perde, ganha, mata e quase enlouquece para conseguir seu objetivo. Mas se trata, claro, de um policial francês e, como tal, existe um drama metafísico, uma angústia existencial extrema -muitas vezes convertida em tédio- a acompanhar balas e explosões. Delon, mais uma vez, como em "O Samurai", encarna o bandido doente da alma que vê no mundo de crimes uma opção ao horror do cenário burguês. Quando Delon combate, Derray nos avisa, é menos pelo egoísmo e pela honra, e mais pelo desejo de liberdade, de permanecer no controle de suas vontades. A Marselha por onde se movem os personagens de "Borsalino & Cia." é o lugar de plena corrupção, tendo como única alternativa viável o fascismo, pois estamos na Europa dos anos 30. "Borsalino e Cia." se mostra então um curioso, e muitas vezes ineficaz, "Poderoso Chefão" sem o pragmatismo dos americanos, carregando em suas imagens o divagar francês. Vídeo: Borsalino e Cia Produção: França, Itália, 1974, 100 min. Direção: Jacques Derray Elenco: Alain Delon, Catherine Rouvel Lançamento: Penta Vídeo Texto Anterior: Sabino relança crônicas de viagens Próximo Texto: 'Homem das Estrelas' é drama sobre sonho do estrelato Índice |
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