São Paulo, quinta-feira, 22 de agosto de 1996
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Oposição argentina organiza o "apagón"

DANIEL BRAMATTI
DE BUENOS AIRES

Os partidos de oposição da Argentina anunciaram ontem a realização de um "apagón" -protesto em que os manifestantes apagam as luzes de casas e empresas- contra a política econômica, no próximo dia 12.
O anúncio é mais uma má notícia para o governo Menem, que ontem teve de admitir que só conseguirá arrecadar a metade do previsto no último pacote fiscal.
A redução da estimativa oficial -anunciada pelo chefe do gabinete ministerial, Jorge Rodríguez- se deve à previsão de que o Congresso não aprovará as medidas antes de outubro.
Com isso, os aumentos de impostos só trariam mais recursos ao Tesouro a partir de novembro. Segundo Rodríguez, o governo deve arrecadar apenas metade do US$ 1,2 bilhão que era esperado.
O clima de pessimismo continuou imperando ontem nos mercados. A Bolsa de Valores de Buenos Aires caiu 3,37%, acumulando queda de 5,40% em dois dias.
Luís Corsiglia, diretor da Bolsa, atribuiu o resultado à morosidade do Congresso e aos rumores de que os deputados poderiam duplicar o Imposto sobre Bens Pessoais -cuja arrecadação será dividida entre o governo federal e as Províncias (Estados, no Brasil).
"A mudança desestimularia a acumulação de capital e os investimentos nas empresas argentinas", disse Corsiglia, que aconselhou o governo a "gastar menos para não ter de pedir um ajuste tão forte em um momento tão difícil".
Além do "apagón", a oposição pretende promover um "panelaço" em todo o país.
Proteção a bancos
O Banco Central da Argentina está organizando a formação de uma "rede de segurança" para evitar crises no sistema bancário. Trata-se de um fundo de US$ 3 bilhões que seria colocado à disposição de bancos que enfrentem problemas de liquidez.
O governo recebeu ofertas de 13 bancos do exterior interessados em conceder empréstimos para a rede local. Apenas três serão selecionados para o projeto.
O presidente do Banco Central, Pedro Pou, ressaltou que a iniciativa não deve ser interpretada como um indício de crise iminente. "É uma espécie de seguro para evitar um impacto como o da crise de 1995", disse Pou, se referindo ao chamado "efeito tequila" -reflexos da crise mexicana.

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