São Paulo, quinta-feira, 22 de agosto de 1996
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Prazer ou dever?

CARLOS SARLI

As razões que levam as pessoas a praticar esporte variam do puro prazer à extrema necessidade, passando pelo dinheiro. Dentro dessa escala, a aferição é muito variada.
Há quem se satisfaça batendo uma bola uma vez por semana, quase sempre seguida de diversos copos de cerveja com os amigos. Outros, como o meu amigo Sabiá, são dependentes químicos da adrenalina.
Em duas semanas nos EUA treinando para o Mundial de skysurf, ele aproveitou as "horas vagas" para fazer 38 saltos de "base jump" (salto de pára-quedas de um local fixo), chegando a saltar oito vezes em uma única noite.
Romário ficou rico utilizando o dom de driblar e marcar gols. Mas os compromissos, que lhe trazem a fama e dinheiro, muitas vezes são preteridos pela necessidade de uma pelada ou um futevôlei com os amigos.
Existem aqueles que se internam numa academia e passam horas sobre uma esteira ou sentados num selim pedalando numa trilha virtual, tendo a parede, ou a bunda gorda da malhadora vizinha, como horizonte.
Conheci, através das páginas da revista "Trip", o modelo e atleta Ranimiro Laturfo Neto. Daqueles abençoados que não precisam fazer força para ser bonito, dedicava várias horas diárias ao esporte.
Numa época de vacas magras, se envolveu com o parapente. Passou a importar equipamentos da Itália, começou a competir e chegou a boas colocações.
Até que, num vôo a partir de Andradas (MG), encontrou fios de alta tensão em seu caminho. Perdeu a perna e sofreu meses com as queimaduras. Superada a fase de tratamento, dá uma lição de vida. Sem rancor e sem desânimo, encara o futuro de frente. Voltou a nadar e se prepara para voltar a voar.
Este final de semana, em Andradas, acontece a 2ª Etapa do Paulista de Parapente. Neste não, mas tenho certeza que num próximo, ele estará lá.

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