São Paulo, quinta-feira, 22 de agosto de 1996 |
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'Canard Pékinois' experimenta recursos
ANA FRANCISCA PONZIO
Artista completo, Nadj realiza uma fusão contundente entre dança, teatro, música, mímica, artes marciais e poesia. Iugoslavo de origem húngara, radicado na França há mais de 15 anos, ele diz que sua arte é uma soma de experiências. "Pratiquei belas artes, música e depois, em Paris, absorvi múltiplas técnicas de dança". "Canard Pékinois" foi sua obra de estréia, que acabou se tornando um clássico de seu repertório. Neste espetáculo, já era marcante o vigor rítmico empreendido por gestos cuja sonoridade natural substituía a música em certos momentos. Apesar de utilizar vários recursos cênicos, as peças de Nadj estão longe do mero efeito visual. Elas articulam imagens poderosas capazes, segundo ele, de provocar a reflexão. Contendo memórias de seu país natal, "Canard Pékinois" é inspirado num fato real, ocorrido durante a Segunda Guerra Mundial. "Naquela época, um grupo de atores se suicidou na região iugoslava de Baczka, onde nasci, que tem no teatro amador uma de suas tradições", conta. Absolutamente envolvidos pelo ambiente imaginário da peça que interpretavam, uma ópera cômica chamada "Princesa Csardas", tais atores não conseguiam mais suportar as miudezas da vida cotidiana. Desestruturados pelo conflito entre realidade e fantasia, preferiram se matar. Esta atitude crucial gerou o tema de "Canard Pekinois": a tentativa de conservar para sempre uma ilusão vivida. "É um espetáculo que transita entre o trágico e o cômico, mostrando a dificuldade em manter a lucidez quando alguém tenta ser o que não é." Espetáculo: Canard Pékinois, de Josef Nadj Quando: amanhã e sábado, às 21h. Domingo, às 19h Onde: teatro Sesc Anchieta (rua Dr. Vila Nova, 245, tel. 256-2281) Quanto: R$ 25 Texto Anterior: Yamauchi apresenta balé japonês ocidentalizado Próximo Texto: Grupo renova 'Sonho' de Shakespeare Índice |
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