São Paulo, quinta-feira, 22 de agosto de 1996
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REAÇÃO EMOCIONAL

É de estranhar a resposta do secretário estadual da Segurança Pública de São Paulo, José Afonso da Silva, à campanha Reage SP. Quando boa parte da sociedade civil se reúne para auxiliar em ações relativas a sua pasta -o que em muito poderia ajudá-lo-, ele simplesmente sai em ataque a um dos órgãos simpatizantes do movimento, a Fiesp, atribuindo aos empresários a responsabilidade pelo desemprego, segundo ele uma das razões da violência.
É evidente que o desemprego ajuda a fazer crescer a espiral da barbárie, entretanto, ele não depende obviamente apenas do empresário, mas, principalmente, das condições da economia. Ainda assim, a falta de vagas não é o único fator nem o maior. O contrabando de drogas e armas, a ineficiência de uma polícia despreparada e desaparelhada (um problema que remonta a muitos e muitos anos) e a impunidade reinante, entre outros, são fatores tão ou mais importantes que o desemprego.
De resto, o fenômeno da falta de postos de trabalho não é exclusividade brasileira, mas um fenômeno mundial, aqui agravado pela política de juros altos e arrocho creditício. E na era da economia globalizada, a redução de custos é um imperativo.
Apesar dessa estranha reação emocional do secretário da Segurança Pública, não há como não reconhecer algumas de suas boas, ainda que tímidas, medidas tomadas. Sua preocupação em melhorar a qualidade da polícia e desarmar a população sem descuidar do respeito aos direitos humanos -um grande risco nesses momentos de emocionalismo exacerbado- é digna de nota.
Do lado de José Afonso da Silva ainda, há de se convir, hastear bandeiras brancas como vem fazendo a Fiesp infelizmente não é o bastante. Há muito mais a realizar.

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