São Paulo, sexta-feira, 23 de agosto de 1996
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Álcool e gás natural

WERNER EUGÊNIO ZULAUF

Na matriz de combustíveis de São Paulo, ocorrem dois fenômenos que, devidamente tratados, poderão produzir efeitos sinérgicos positivos para o meio ambiente e para o setor alcooleiro. Refiro-me à lamentável decadência do Proálcool e ao surpreendente crescimento da opção gás natural como combustível automotivo.
O gás natural, GMV (gás metano veicular), e o álcool são dois combustíveis ambientalmente brandos. O gás é tão limpo que, nos testes de emissão, o resultado em veículos regulados tem sido de 0,00% COc (porcentagem de monóxido de carbono corrigido), abaixo, portanto, do limite de detecção do aparelho medidor. O padrão desse poluente é 3,00% COc.
Com a liberação, pelo Ministério de Minas e Energia, do GMV, em janeiro, abriu-se um imenso campo para esse recurso energético limpo e barato. Seu preço por quilômetro rodado é cerca de metade do preço da gasolina.
Sua introdução no mercado, entretanto, exige veículos de ciclo Otto bicombustível, já que, fora da Grande São Paulo ou do Grande Rio, não existem postos de abastecimento. Aí ressalta a outra vantagem do GMV: embora possa funcionar bem com o motor a gasolina, seu melhor desempenho se dá com motor a álcool. Portanto, ao ocupar espaço no mercado, o GMV reativa a opção álcool, impedindo a morte do álcool hidratado como combustível.
Espera-se das montadoras que, ao oferecerem o veículo a GMV, elas o façam, espontaneamente, com motores a álcool e não a gasolina, como está ocorrendo. Caso contrário, seremos obrigados a regulamentar essa matéria pelo Conama (Conselho Nacional de Meio Ambiente), em complementação ao já em vigor Proconve (Programa de Controle de Poluição de Veículos). As montadoras, que reclamam do excesso de regulamentações, têm agora oportunidade de demonstrar sua capacidade de auto-regulamentação: produzir veículos para GMV exclusivamente com o motor a álcool.
A Prefeitura de São Paulo está fazendo a sua parte ao iniciar a rolagem, por meio de diversos dispositivos legais, da bola de neve do mercado de GMV: ônibus, táxis e frota da prefeitura são esse início; outras frotas serão ativadas para conversão ao GMV em seguida.
A conversão de veículos diesel e gasolina para GMV e o programa I/M (Inspeção e Manutenção de Veículos em Uso) são medidas que, se continuadas pela próxima administração, irão mudar para melhor o dramático quadro ambiental de São Paulo. Ficou evidente que ações indiretas como o rodízio podem até resolver problemas de trânsito, mas são pouco eficazes como redutoras da poluição.

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