São Paulo, sexta-feira, 23 de agosto de 1996
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Calem a boca

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - José Serra, candidato do PSDB à prefeitura paulistana, mandou ontem um pedido de ajuda a seus, digamos, amigos do governo.
Que ajuda Serra quer deles? Simplesmente que calem a boca e não digam mais nada. A reação do senador foi logo em seguida à leitura das declarações do ministro Sérgio Motta, criticando a campanha.
Na prática, o que Serra quis dizer é que é melhor perder sozinho do que mal acompanhado.
Não sei se o candidato perguntou o porquê das declarações desastradas tanto do presidente como de Motta.
Tenho uma hipótese, calcada na lógica: o governo federal trata de desvincular-se do que parece ser uma iminente derrota de seu candidato em São Paulo.
Joguei essa hipótese para interlocutores do próprio governo e do PSDB, embora não tivesse grandes esperanças de obter uma confirmação, por ser uma teoria pouco abonadora.
A explicação obtida para a frase do presidente ("o importante é competir") é a de que foi pronunciada nas famosas cenas de jornalismo explícito, ou seja, FHC caminhando cercado de microfones e gravadores, momento altamente propício a que se diga qualquer bobagem.
Pode ser. Mas não explica a foto de cara fechada durante a audiência concedida a Serra. FHC sabe muito bem que fotógrafo adora flagrar personalidades fazendo caras e bocas inconvenientes.
No caso de Sérgio Motta, a informação é a de que ele vem fazendo há pelo menos um mês a mesma análise reproduzida nos jornais de anteontem. Chegou à apoplexia contra o estilo de campanha de Serra em uma reunião fechada, realizada domingo retrasado no Palácio dos Bandeirantes.
Seu temperamento "deixa que eu chuto" o teria levado, dizem os depoimentos, a declarar em público o que vinha dizendo na intimidade.
São as versões disponíveis na praça. O leitor julgue.

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