São Paulo, sexta-feira, 23 de agosto de 1996
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Serjão está sólido

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Sérgio Motta está garantido no cargo quando chegar a hora da reforma ministerial -no final deste ano ou no início de 97.
Ele bem que gostaria de partir para a Casa Civil ou alguma outra missão. Mas deve ficar mesmo no Ministério das Comunicações, segundo importantes líderes tucanos.
O motivo principal tem uma lógica. Nas Comunicações, Motta destrambelha, fala o que não deve e consegue se segurar. Por mais que a mídia registre, a maioria dos órgãos de imprensa hoje tem interesses na área de comunicações e sempre acaba pegando leve com o ministro.
Na Saúde, na Casa Civil ou em qualquer outra pasta, Motta já teria sido triturado.
Faz sentido essa análise de caciques tucanos. Afinal, a capacidade de Motta de produzir declarações polêmicas é imbatível. Mesmo assim, com raras exceções, quase nunca é ridicularizado ostensivamente pela mídia.
A atitude recorrente do ministro permite até algumas inferências. Por exemplo, a de que Motta se considera imune a críticas. A cada incontinência verbal, ele simplesmente silencia ou nega o que disse. E logo solta outra.
Além disso, Motta está firmíssimo no cargo por ser um dos amigos inseparáveis de FHC. É a FHC que Motta tem o costume de fazer suas análises políticas escalafobéticas.
Fala a FHC e a aliados mais próximos tudo o que pensa. Repete várias vezes suas análises. Uma ou duas semanas depois, a declaração, antes reservada do ministro, acaba aparecendo na imprensa.
Isso é uma regra. Motta raramente fala algo polêmico sem antes submeter o raciocínio aos humores do Palácio do Planalto.
Motta completa sua solidez no cargo com os serviços que já prestou à causa tucana. Há mais de uma década com FHC, sabe todos os detalhes da última campanha presidencial. E está preparadíssimo para a próxima.
Por tudo isso, mesmo com suas boutades, Motta deve reinar ainda muito tempo nas Comunicações.

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