São Paulo, domingo, 25 de agosto de 1996 |
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Rumo do século 18 desafia neobandeirantes
ELVIRA LOBATO
O professor Paulo Bertran, da Universidade Católica de Goiás, e o empresário Tasso Marquez refizeram a expedição, cada um à sua maneira, e chegaram a destinos diferentes. O roteiro situa-se nas imediações de Brasília. Portanto, ambos podem ter errado nos cálculos e o "ouro bom" prometido pelo português Urbano do Couto pode continuar à espera de um candidato a bandeirante do século 20. Chapada do Pipiripau O roteiro é o seguinte: "Irão os meus novos bandeirantes dessas minas americanas pela picada da Bahia que vai para Goiás, ao lugar mais alto da terra, de onde emanam quatro ribeirões, dos quais ficarão entituladas as suas cabeceiras, estas as principais do rio Preto, no arraial de Couros, São Bartolomeu, Paranam e Maranhão", diz o documento. Segundo o professor Bertran, esses sinais apontam para a Chapada do Pipiripau, nas imediações de Brasília, como o ponto de partida para a expedição. Os ribeirões são o Pipiripau, que vai se constituir no rio São Bartolomeu, o Itiquira -que deságua no Paranã- e a Lagoa Formosa, que escoa no rio Maranhão. O arraial de Couros é a atual cidade de Formosa. O roteiro prossegue assim: "Desta altura (Chapada do Pipiripau) verão três lagos em carreira, em Campinas Claras, verão um poço sem praia e nem alcance de fundo, verde cor de mar que não seca nem vaza, quer no inverno, quer na calma." Segundo o professor Paulo Bertran, as lagoas são a Bonita, ou Mestre D'Armas (próximo à cidade de Planaltina), lagoa Formosa, nas imediações de Brasilinha, e, entre as duas, a pequena lagoa de Bom Sucesso. O poço sem praia, afirma Bertran, é um lago redondo, de águas verdes, formado no solo de uma enorme cratera circular em meio ao cerrado, nas proximidades de Planaltina. Morro da Canastra A partir daí, começa a fase difícil do roteiro de Urbano do Couto: "Desta altura verão um morro do feitio de uma canastra, em mês de agosto, da parte que entra o sol, não o primeiro, ao segundo, um morro três Irmãos". "Morro da Canastra, há pelo menos três na região", diz o professor Bertran. O primeiro fica ao norte do Plano Piloto, o segundo, ao norte de Sobradinho, e o terceiro, a oeste da serra da Brasilinha. Bertran conclui que o terceiro Morro da Canastra é a opção mais provável, pois é o único a partir do qual se pode avistar o poço sem fundo nem praia. Enigma O final do roteiro é ainda mais enigmático: "Depois de passarem quatro ribeirões de matos e rochas ou rochas e montes verão três pés de buritis, vão acima deles, não o primeiro, o derradeiro -e verão um morro do feitio de um cuscuzeiro, e pela parte da serra cacem e verão ouro bom, e se acharem pela cinta e cabeça, encontrarão grandeza tal que não terão visto em Goiás", afirma o documento de Urbano do Couto endereçado à rainha-regente dona Mariana, mulher de dom João 6º. O sucesso -para qualquer expedicionário que acredita em mapas de tesouro- depende da interpretação desse final. Quem já foi, guarda tal informação a sete chaves. (EL) Texto Anterior: Empresários refazem antigas rotas do ouro Próximo Texto: Subsolo ainda é desconhecido Índice |
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