São Paulo, domingo, 25 de agosto de 1996
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Funcionário desmotivado é improdutivo

Jeffrey Pfeffer fala de valorização

CARLA ARANHA SCHTRUK
DA REPORTAGEM LOCAL

"As empresas que não valorizam o trabalho do funcionário correm o risco de não sobreviver."
Essa é a tese de Jeffrey Pfeffer, 50, professor de comportamento organizacional da Stanford Graduate School of Business (EUA).
Autor do livro "Vantagem Competitiva Através de Pessoas", ele esteve em São Paulo para ministrar um seminário.
A seguir, os principais trechos de sua entrevista à Folha.

Folha - Com a globalização da economia, que tipo de problema as empresas que não motivam os funcionários vão enfrentar?
Jeffrey Pfeffer - Globalização significa uma maior competitividade. As empresas que não valorizam o trabalho do funcionário correm o risco de não sobreviver.
A forma pela qual eles são gerenciados é o item mais importante no sucesso econômico da empresa. Impossível ser produtivo com pessoas sem vontade de trabalhar.
Folha - O que impede a valorização do funcionário?
Jeffrey Pfeffer - Há muitas barreiras. Uma delas é o histórico relacionamento difícil entre chefe e subordinados. Por muito tempo, chefes transformaram em heróis pessoas autoritárias e de má índole, mas que seguiam a disciplina.
Outro problema é a maneira tradicional de chefiar. A maioria pensa que precisa estar sempre cobrando o funcionário, o que torna o trabalho improdutivo.
Folha - Qual é a melhor forma de valorizar o funcionário?
Pfeffer - Não é necessário dar prêmios em dinheiro. O que os funcionários mais querem é reconhecimento, poder desenvolver suas habilidades, ter autonomia.
Folha - Como é o ambiente de trabalho nas empresas dos EUA?
Pfeffer - Há uma variação tremenda. Mas a maioria das empresas vai pelo caminho errado, já que a tendência hoje é de cortar custos.
Cortam salários, treinamento, níveis hierárquicos, promoções, contratam temporários.
Isso torna muito mais difícil a meta de atingir a vantagem competitiva das pessoas.
Folha - Mas há essa consciência da necessidade de valorizá-los?
Pfeffer - Algumas estão conscientes. A maioria prega que o funcionário é o principal bem da empresa, mas não aplicam isso na prática. São hipócritas.
(CAS)

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