São Paulo, domingo, 25 de agosto de 1996 |
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EUA promovem a "guerra da fumaça"
GILBERTO DIMENSTEIN
Nas pesquisas de opinião, os republicanos querem transformar essa contabilidade em uma das principais questões da sucessão presidencial. É um tema que encontra ampla ressonância. Nos bastidores, políticos e estrategistas de marketing insinuam que a resposta estaria nos arquivos do FBI, a polícia federal americana -antes de qualquer assessor ser indicado, sua vida passa por uma investigação. Não é uma situação cômoda para Clinton que admitiu ter fumado, mas não tragado -versão apenas comparável à do presidente Fernando Henrique Cardoso que, segundo suas palavras, fumou, tragou, achou detestável, jogou fora e nunca mais tocou na droga. Munição Os adversários de Clinton pretendem insinuar aos eleitores que o aumento de consumo de drogas entre jovens americanos é resultado direto de uma política de tolerância, provocada pelo excesso de biografias "suspeitas". Na semana passada, a Casa Branca deu munição aos adversários, ao divulgar estudo informando que o uso da maconha entre adolescentes subiu 141% entre 92 e 95 -em relação às demais drogas (cocaína, por exemplo), dobrou. A maconha merece atenção porque estudos recentes apontam a droga como perigosa porque leva a vícios mais fortes. A tese é do Centro de Abusos de Drogas da Universidade de Columbia. Poucas horas depois do anúncio da pesquisa, Bob Dole, candidato republicano, reagiu: "É uma tragédia". Ele prometeu que, se eleito, vai fazer das drogas sua "prioridade número 1". Estratégia Sabemos que a confissão do presidente iria provocar constrangimentos na sucessão. Clinton resolveu virar o jogo e polir a imagem. Propôs um gasto no Orçamento de US$ 17 bilhões. Ao todo, o país depende, por ano, de US$ 75 bilhões para enfrentar um consumo estimado em US$ 90 bilhões. No início, seu governo seguiu as promessas eleitorais, reagindo ao esquema de guerra de seu antecessor, George Bush. Altos funcionários chegaram a insinuar disposição para discutir sua legalização. Clinton cortou cabeças, saiu pelo país fazendo campanha pelos "valores morais", mas nomeou como comandante na luta contra o tráfico um general -Barry MacCaffrey- cuja última missão relevante foi chefiar uma divisão mecanizada na guerra contra o Iraque. Espertamente, ele transformou a Colômbia em bode expiatório. Apoiou o movimento fracassado de impeachment do presidente Ernesto Samper, acusado de receber dinheiro de narcotraficantes. Num lance de impacto, anulou o visto de Samper, proibindo-o de entrar nos EUA -a embaixada americana foi, inclusive, procurada por colombianos que queriam dar um golpe de Estado. "Estamos fazendo o que podemos, mas os americanos têm de reduzir o consumo", disse Samper. A assessoria de Clinton tentou encurralar Bob Dole, antigo beneficiário de fundos da indústria de fumo. Dole sustenta a idéia de que o cigarro não vicia necessariamente, o que, entre antitabagistas, seria a senha para revelar um lobista. Na "guerra da fumaça", o presidente Clinton assinou na semana passada as mais duras medidas contra a indústria do fumo. Texto Anterior: Veterano pede saída de tropas Próximo Texto: Combate leva a aumento da população carcerária Índice |
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