São Paulo, domingo, 25 de agosto de 1996
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1998 ESTÁ COMEÇANDO

A fulminante ascensão de Celso Pitta, o candidato do prefeito Paulo Maluf à prefeitura paulistana, está tendo um visível efeito colateral: precipitar a discussão de cenários para a eleição presidencial de 1998.
Se até dois meses atrás, Maluf considerava com o mesmo carinho a disputa do governo paulista ou da Presidência, em 1998, agora parece ter se decidido definitivamente pela corrida ao Planalto, mesmo na hipótese de que seja aprovada a reeleição.
Deve ter pesado nessa nova disposição de Maluf uma mudança ainda difusa na percepção sobre 98. Até há pouco, permitir a reeleição parecia o equivalente a prorrogar o mandato de Fernando Henrique Cardoso, tal a convicção de que o atual presidente ganharia de novo em 1998.
Já não é assim. Reeleição significa apenas uma nova candidatura FHC, mas não a certeza de nova vitória.
Na prática, tanto a aprovação da reeleição como as possibilidades eleitorais de Fernando Henrique Cardoso estão na dependência da evolução do quadro econômico, com seus inevitáveis efeitos no humor da sociedade e do mundo político.
Ou, então, do apoio à reeleição de "presidenciáveis" em potencial, que, naturalmente, gostariam de encontrar pronto o cenário legal para permanecerem oito e não quatro anos no Palácio do Planalto.
Num momento em que há uma generalizada percepção de que o governo está paralisado, corre o risco de perder aliados que não se dispõem a enfrentar a possibilidade de desgastar-se junto com o presidente.
É por isso que aliados importantes do governo estão defendendo agora vigorosamente o que o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) resume como uma "mudança de governo e de métodos".
O senador e outros parlamentares da base governista querem obras públicas e estímulo à economia, no pressuposto de que a estabilidade -a grande, mas única obra de FHC- já esgotou ou está esgotando seu papel de alavanca eleitoral.
Falar da eleição de 1998 antes mesmo de que se realizem as de 1996 pode parecer prematuro. Mas a velocidade com que ocorrem mudanças no Brasil é tamanha, e as surpresas, do tipo Celso Pitta, tão fortes, que 1998 já parece ser o dia seguinte ao 3 de outubro de 1996.

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