São Paulo, domingo, 25 de agosto de 1996
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Cresce dano por golpistas

Título protestado soma US$ 14,1 mi

ROSANGELA DE MOURA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Prejuízos causados por golpistas cresceram, em todo o país, 82,9% no primeiro quadrimestre deste ano, contra o mesmo período de 1995, segundo o SCI (Serviço ao Crédito e Informações).
Empresas preparadas para aplicar golpes vêm sofisticando suas técnicas de atuação, chegando até a quebrar alguns negócios.
No primeiro semestre deste ano, o prejuízo causado pelos golpistas somou US$ 14,1 milhões só com títulos protestados.
Ricardo Coutinho, gerente administrativo da Pneucasa, já sofreu dois golpes que somaram R$ 9.700. Segundo ele, a primeira empresa se identificou como Breno Embalagens e comprou R$ 3.400 em pneus de empilhadeiras.
A segunda se apresentou como Comércio de Derivados de Petróleo Minas e comprou 18 pneus de caminhões (R$ 6.300).
Coutinho afirma que as empresas tinham o cadastro regular, porém não estavam mais no local quando foram procuradas pelo atraso no pagamento. "A nossa falha maior foi não ter checado a localização das empresas antes de vender", arrepende-se.
Ele afirma que, hoje, quando têm dúvida, não vende. "Procuro trocar informações com outros estabelecimentos e nunca vender em grandes quantidades."
Identificações
No primeiro semestre deste ano, o SCI conseguiu identificar 180 empresas golpistas.
A Associação Comercial de São Paulo verificou que, no semestre, 58 empresas fantasmas tentaram comprar mercadorias de 975 fornecedores. No total, lesaram 1.959 outras empresas.
O diretor-regional do SCI no interior do São Paulo, José Antonio Suzigan, 47, explica que os golpistas compram mercadorias de várias empresas em pouco tempo, "vendem por um preço abaixo do mercado e desaparecem".
Suzigan diz que as empresas que o golpista compra, geralmente, têm cinco anos de atividades e não têm informações negativas. "Elas são compradas de pessoas jurídicas que pararam as atividades."
João Bico, diretor comercial da Alpha-Lux, distribuidora de lâmpadas, conta que também caiu em um golpe de uma empresa que tinha a situação de crédito regular.
A empresa se apresentou como Indústria de Luminárias Luxor, comprou mil lâmpadas e pagou se atraso. O segundo pedido também foi pago em dia. "O problema foi na terceira compra. A empresa aumentou o pedido para 5.000 lâmpadas. Vendemos com a avaliação de crédito, mas a empresa já não existia quando chegou o vencimento da duplicata."
Recentemente, Bico escapou de um golpe. A golpista se apresentou como Cerintex Importação e Exportação Ltda e queria comprar lâmpadas para um shopping.
"A empresa fez uma cotação de preços e pediu desconto. Informamos que só venderíamos à vista com uma avaliação do cadastro."
Segundo Bico, a empresa fez um depósito com cheque -roubado- e mandou um comprovante de depósito falso por fac-símile.
"Ligamos e informamos que só poderíamos fazer a entrega depois da compensação do cheque. Não apareceram mais."

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