São Paulo, segunda-feira, 26 de agosto de 1996 |
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As qualis
NELSON DE SÁ
A ironia, registrada semana passada no "The Observer", seria do presidente Bill Clinton, que está em campanha pela reeleição. (Como parte da estratégia de associar-se aos "valores" tradicionais, ele agora faz comícios em trens, como no século 19 -mas sempre para as câmeras. A estratégia surgiu dos grupos, na última campanha.) A frase dá bem a idéia de como os grupos, as "qualis", como são carinhosamente chamadas pelos publicitários brasileiros, comandam as campanhas, hoje em dia. No caso paulistano, o líder e favorito foi escolhido por elas e vem sendo guiado por elas desde então. Não dá um passo, não diz uma frase sem consulta aos grupos. Também os oponentes têm pesquisas qualitativas -com a diferença de que eles, dados por ideológicos, não aceitam o comando das "qualis". Assim, a petista Erundina prioriza educação na campanha, tema de influência mínima na eleição, como mostram as "qualis". Assim o tucano Serra teima na chamada campanha negativa, de ataques diretos aos oponentes. * Nestes tempos em que os publicitários comparam seus candidatos a hambúrgueres, não custa repetir que o maior dos seus instrumentos, as "qualis", nasceu para criar ou melhorar hambúrgueres. Foi na década de 70, quando publicitários ingleses como Stephen King, da agência J.Walter Thompson, buscavam "as razões por trás das razões". Queriam algo além, "por trás" das estatísticas estanques das pesquisas quantitativas, usadas ao limite pela publicidade americana. Foram achar na terapia de grupo, em que oito pessoas, em média, reúnem-se para falar abertamente, administradas por um psicólogo. Não há números, não há quantificação, toda a análise é subjetiva -mas são as "qualis" que, passadas duas décadas, conduzem as quantitativas, que alguns já tratam por "burras". Texto Anterior: MARCELO FROMMER Próximo Texto: Conheça os principais Jingles dos candidatos Índice |
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