São Paulo, segunda-feira, 26 de agosto de 1996
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'Só temos armas de um único tiro'

Silva diz poder fazer reconhecimento

ESTANISLAU MARIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MARABÁ

Gilvan Alves da Silva disse que pode reconhecer o local e os homens que o prenderam, junto com outros três trabalhadores sem terra.
Ele afirmou que os posseiros só têm espingardas de um único tiro. A seguir, trechos da entrevista à Agência Folha.

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Agência Folha - O que houve?
Gilvan Alves da Silva - Na terça-feira, oito pistoleiros prenderam a gente na fazenda e levaram até a casa-sede. Pensamos que ia acontecer outro tipo de conversa porque deram comida e mandaram a gente dormir. Mas, no dia seguinte, levaram para um quarto e começaram a bater na gente.
Agência Folha - Na casa-sede, o que eles fizeram?
Silva - Eram três que davam socos, chutes, batiam com cabo do revólver e da espingarda. Eu apanhei mais porque eles pensaram que eu era o chefe. Batiam e diziam para eu dizer quem dava as ordens e quantos estão na ocupação.
Agência Folha - O que eles disseram? Silva - Vamos levar vocês para a Polícia Civil de Marabá, cambada de vagabundo, diziam. Andaram uns 15 km e mandaram a gente descer do carro. Puseram a gente sentado no chão. Recebi o primeiro tiro na cabeça e caí. Escutei mais três tiros e colocaram os corpos em cima de mim. Fingi de morto. Um deles ainda falou: "Será que já está morto? Vamos dar mais um tiro para ter certeza". Outro disse: "Não precisa. Já estão mortos, vamos embora". Agência Folha - Você sabe chegar ao local?
Silva - Sei. Eu reconheço o local. Eu passei mais de meio dia lá. Reconheço os que mataram também. Eram três -dois brancos e um mulato. Quem mandava mais era um branco, grande, bem rosado.
Agência Folha - Vocês têm armas? Silva - Temos espingardas caseiras, de um único tiro. Mas é pouca arma e não dá para enfrentar pistoleiro.

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