São Paulo, segunda-feira, 26 de agosto de 1996
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Gênios

JUCA KFOURI

A entrevista dada pelo presidente da Gaviões da Fiel, o Jamelão, ao repórter Mauro Tagliaferri, publicada ontem nesta Folha, é um primor de desafaçatez e ignorância.
Ele chega ao cúmulo de dizer que só o Corinthians sofre com a proibição da presença das torcidas organizadas nos estádios, pois, segundo ele, Palmeiras e São Paulo não estão "acostumados" a jogar com a massa ao lado deles. Um absurdo!
Diz mais o genial guia de torcedores. Questionado sobre a depredação de 200 cadeiras nas arquibancadas do Pacaembu, sua resposta é brilhante: "A cadeira se torna inviável numa arquibancada, porque o elemento não tem espaço suficiente para botar o pé reto. No decorrer da partida, ele fica pulando na cadeira, agitando, e ela solta. E, se o Corinthians estiver ruim, tiver um juiz roubando, a reação do cara é jogar no campo."
Isso depois de ter dito que ir aos estádios é uma aventura que só os organizados se dispõem a fazer, dada a falta de conforto.
É possível que, depois de ter lido tão edificante raciocínio, até o presidente do Corinthians, Alberto Dualib, tenha se convencido da sandice que significa estimular a volta dessa gente aos campos de futebol, que, ruim sem ele, ficará certamente pior com.
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A escalação do colombiano Usuriaga sem a autorização da CBF é dessas burrices em que não dá para acreditar que sejam feitas sem segundas intenções. Quais? A imaginação também não as alcança.
Mas, pior que a falta de bom senso da direção do Santos, só mesmo o regulamento, que tira pontos do clube infrator, mas não os dá ao prejudicado.
O que possibilita que amanhã um time, já sem sonhos no campeonato, entre em campo com 11 supercraques que não lhe pertencem só para prejudicar um rival histórico que esteja para ser campeão. Assim, perde os pontos, mas impede que o adversário ganhe o título. Não é exemplar?
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O Vasco derrotou o Bragantino no horroroso gramado de Bragança e voltou para casa com um prejuízo de mais de R$ 90 mil, pois teve de pagar bicho pela vitória, e a renda produzida por pouco mais de mil torcedores foi ridícula.
O gramado fica por conta da moralização prometida pela CBF, e a contabilidade deve ser creditada ao alto espírito profissional dos clubes.

Marcelinho Ramón de Carranza.

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