São Paulo, segunda-feira, 26 de agosto de 1996
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Fique esperto, pois o HPV passa via sexo

ROSELY SAYÃO
ESPECIAL PARA A FOLHA

"Tenho 20 anos e há alguns meses comecei a ter relações com meu namorado. Sempre fui ao ginecologista regularmente e falei da minha vontade de tomar pílula. Depois de poucos meses, fui fazer o papanicolau. O resultado foi o seguinte: algumas lesões causadas por infecção viral (HPV). Parei de tomar pílula e estou fazendo tratamento. O problema é que minha médica insiste que meu namorado tem de ser medicado. Ele já foi a dois médicos, que chegaram à mesma conclusão: não tem nada. Só se aparecer alguma coisa ele deve ser medicado. Ele fez até um exame. Ela continua insistindo. E meu namorado fica bravo, perguntando, com razão, por que minha médica tem de estar certa e o dele errado. O que fazer?"
Resposta
Vamos para algumas informações para que vocês possam ter mais condições de saber o que fazer nos cuidados com a saúde.
Primeiro, vamos lembrar que a medicina é uma profissão exercida por gente como a gente. Quer dizer, eles, mesmo competentes na profissão, podem se enganar, comer barriga. E, quando a saúde envolvida é a sexual, entra também a parte dos preconceitos, aos quais eles não são imunes. Isso sem falar na fogueira das vaidades. Por isso, sempre é bom ouvir outro profissional quando há dúvidas.
Em relação ao HPV, lá fui eu de novo pedir socorro ao ginecologista Marco Antonio Lenci, pois vírus é assunto de médico. O HPV, sigla que identifica o "human papilomavirus", é uma das doenças sexualmente transmissíveis mais conhecidas. Os cientistas estimam que 30% da população tenha o vírus. Ele provoca desde lesões mínimas nos genitais até verrugas vistas a olho nu.
A forma mais importante da transmissão deste vírus, que tem mais de 75 tipos, é a sexual. Mas esta não é a única via. Por exemplo: toalhas de banho, roupas íntimas e até sabonete compartilhados podem conter partículas do vírus e provocar a transmissão. Por isso, querida, tome os devidos cuidados aí na sua casa.
O papanicolau, dando resultado 3, pode apontar para a presença de infecções, provocadas, por exemplo, pelo HPV. Por isso, toda mulher que transa PRECISA fazer esse exame regularmente.
Para pesquisar a presença ou não de lesões provocadas pelo HPV no homem, pode ser preciso fazer a peniscopia. Com o auxílio de uma lente poderosa o médico pode verificar a presença ou não de lesões. Foi por este exame que seu gato passou? Mas a uretra do homem, além do pênis, também precisa ser examinada. Por esse exame ele passou?
Agora, também não é obrigatório que seu namorado tenha o vírus, pois o sistema de defesa do organismo de cada um age de modo diferente. E, como não há tratamento específico para o vírus mas apenas para as manifestações dele, se não houver nada mesmo, não há o que fazer.
A doença provocada pelo HPV é chata e pode trazer complicações mais tarde. Por isso, bonitinha, continue indo ao ginecologista regularmente e fazendo o papanicolau sempre. E quem não tem o vírus, como evitá-lo? Usando a borrachuda, oras! Não é só a Aids que é preciso evitar.

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