São Paulo, segunda-feira, 26 de agosto de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Iron ganha no 2º tempo
THALES DE MENEZES
Na verdade, a imensa maioria da garotada estava lá por causa do Iron Maiden. A preferência podia ser medida nas camisetas. O morto-vivo Eddie, mascote do Iron, estava em 80% delas. O azar da banda foi o show que antecedeu sua entrada no palco. O Skid Row esfriou a platéia, que já demonstrava sinais de cansaço devido à maratona de heavy metal. Quando o Iron Maiden entrou em cena, as expectativas a respeito do novo vocalista se confirmaram. Blaze Bayley perde feio para Bruce Dickinson em voz, carisma e presença de palco. Baixinho atarracado, Bayley é quase um xerox de outro vocalista heavy, Danzig. Sua voz rende mais nos graves, e o repertório clássico do Iron Maiden é alicerçado nos agudos poderosos de Dickinson. Tentando fugir das comparações (Dickinson chegou a dizer que seu substituto não consegue cantar os hits "Run to the Hills" e "Aces High"), a nova formação da banda iniciou com músicas tiradas dos álbuns recentes, principalmente "X Factor", gravado com Bayley. A reação da platéia foi fria. Quem estava junto ao palco pulava e cantava, mas eram os fãs mais radicais. O público na arquibancada, que tinha delirado antes com o Motorhead, permanecia sentado. Bayley insistiu em agitar os braços e pedir a participação da audiência. Se um vocalista faz esse gestual em demasia, é sinal de que algo não vai bem. Quando o anticlímax parecia inevitável, a banda tirou o ás da manga. Entoou "Two Minutes to Midnight", um dos maiores sucessos do grupo. Com Dickinson ficaria melhor, claro, mas é tão boa que nem Bayley compromete. Para ajudar, o boneco gigante do Eddie fez sua aparição no palco, e a catarse começou. Esperta, a banda emendou "Fear of the Dark" e transformou a platéia no gramado do Pacaembu num grande coral. Partida ganha, o grupo tocou a bola para garantir o resultado. O bis foi apoteótico, com "The Number of the Beast" e "Running Free". A molecada saiu contente. O Iron Maiden ganhou na tradição, com a força da camisa. Texto Anterior: Fotógrafo judeu revela a diáspora chinesa Próximo Texto: Motorhead leva o troféu Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |