São Paulo, segunda-feira, 26 de agosto de 1996
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Motorhead leva o troféu

THALES DE MENEZES
DA REPORTAGEM LOCAL

Precisa ser muito fã do Iron Maiden para não reconhecer o incontestável: o Motorhead fez o grande show do Monsters of Rock 96. Curto e grosso, Lemmy e seus capangas deram aula de rock'n'roll.
Durante o dia, os Raimundos foram os maiorais. Depois da apresentação delirante dos brasileiros, a responsabilidade do Biohazard aumentou bastante.
No entanto, os norte-americanos seguraram a barra no primeiro show noturno da festa.
A tática foi perfeita. O Biohazard deixou de lado suas fusões com outros ritmos e mandou ver num repertório pesado. Ajudou muito a presença do novo guitarrista, Rob Echeverria (ex-Helmet).
Aí veio o Motorhead. O cinquentão Lemmy ligou seu baixo no amplificador, virou todos os seletores de volume no máximo e detonou 70 minutos de rock básico em velocidade máxima.
O estilo turbina de avião do Motorhead não deixa espaços para sutilezas. É uma porrada atrás da outra. Poucos grupos têm um repertório tão forte.
Como fazer qualquer crítica a uma banda que abre o show com "Ace of Spades", leva o público ao paraíso com "Orgasmatron" e ainda pode deixar "Iron Fist" para o bis alucinante.
No comando de tudo, Lemmy. Alto, todo de preto, com o vento balançando sua cabeleira meio grisalha. Uma imagem clássica, reverenciada há 20 anos por "headbangers" de todas as correntes. A voz, então, continua cavernosa.
Depois do show impecável de Lemmy & cia., a bomba ficou para o Skid Row. A banda entrou no palco debaixo de algumas vaias e uma chuva de objetos variados.
O bonitinho Sebastian Bach é adorado pelas garotas enlouquecidas e odiado pelos garotos invejosos. Como o público no Pacaembu tinha seis homens para cada mulher, a rejeição foi inevitável.
A banda tocou com garra, principalmente Bach, que ficava na beira do palco como um alvo fácil.
Durante todo o show, o coitado fugiu de copos, latas e rolos de papel higiênico. Alguém chegou a atirar uma mochila no cantor, mas o "míssil" passou longe.
Os gritos de "Sao Pólo! Sao Pólo!" não adiantaram muito. A escolha de um repertório bem pesado também não surtiu efeito.
A falta de empatia foi tanta que o Skid Row achou melhor nem voltar para o bis. (THALES DE MENEZES)

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