São Paulo, segunda-feira, 26 de agosto de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Kazan faz auto-retrato

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

"Viva Zapata" (Telecine, 1h10) fala de Emiliano Zapata, naturalmente. E, na longa Revolução Mexicana do início do século, procura situar Zapata como modelo de desapego ao poder e fidelidade a suas idéias.
Mas o alvo não é Zapata, tampouco o México. Neste filme de 1951, Zapata entra para significar que os ideais de esquerda (justiça social etc.) não são obrigatoriamente postulados pela turma do Partido Comunista.
Zapata é libertário, avesso à tutela, aos arranjos. Kazan, um ex-comunista com ódio dos comunistas. Marlon Brando, que interpreta o revolucionário, era também, na época, uma espécie de alter ego de Elia Kazan.
O filme funde essas três imagens: o belo Brando, o rude Zapata, o dilacerado Kazan. Pode não ser um filme muito verdadeiro em relação ao México (o fotógrafo mexicano Gabriel Figueroa, por exemplo, sustenta que o cineasta não entendia bulhufas do seu país). Mas é de uma pessoalidade e de uma beleza admiráveis.
(IA)

Texto Anterior: CLIPE
Próximo Texto: Paulo Coelho esquenta 'bienal da bomba'
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.