São Paulo, terça-feira, 27 de agosto de 1996
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Acidentes são comuns

ROGÉRIO GENTILE; ORMUZD ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O visual lembra uma gigantesca teia de aranha. São centenas, talvez milhares de fios entrelaçados e clandestinos que passam sobre a cabeça dos cerca de 7.000 moradores do Jardim Felicidade, na divisa de São Paulo com Guarulhos.
As ligações irregulares estão conectadas à rede da Eletropaulo que passa pela avenida Ushikichi Kamiya. De lá, seguem por muitas direções, atingindo praticamente todas as pequenas casas do bairro.
Os acidentes, segundo os moradores, são comuns. "Vira e mexe alguém toma um choque ao tentar arrumar um fio que desprendeu", diz o desempregado Adriano Ramon, 29. "Como o cara fica grudado, o único jeito é derrubar a escada para que ele se solte."
A dona-de-casa Isabel Vieira Martins, 28, diz que, há menos de um ano, um rapaz morreu ao tentar religar um fio. "O pior é o risco de incêndio. Os bombeiros teriam dificuldade para entrar porque os acessos à favela são muito estreitos", diz o funileiro Raimundo Santana, 28. "Mas não podemos ficar sem luz. Como vamos cozinhar e esquentar o banho."
(RG e OA)

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