São Paulo, terça-feira, 27 de agosto de 1996
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Brasil não recebe empréstimo aprovado

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo brasileiro tem US$ 2,2 bilhões de empréstimos aprovados do governo japonês, mas não consegue obter o desembolso do dinheiro. Alguns desses empréstimos são muito antigos -de 1988, por exemplo.
Segundo os japoneses, o dinheiro não é desembolsado por culpa do Brasil. O país não apresenta os documentos necessários e não consegue, em alguns casos, oferecer a contrapartida financeira acertada entre os dois países.
Em alguns desses empréstimos, o governo japonês só os desembolsa se o governo brasileiro entrar com uma quantia em dinheiro -a contrapartida financeira- que é estabelecida na data em que a operação é aprovada.
Essa demora da parte brasileira tem irritado os japoneses. É que isso causa constrangimento para os parlamentares do Japão que defendem os empréstimos.
Todos os anos, o orçamento do Japão tem de incluir todos os empréstimos que o país concede para as nações mais pobres, como o Brasil.
Quando o Brasil não saca o empréstimo, o valor tem de ser incluído no orçamento do ano seguinte. E assim sucessivamente, até que o governo brasileiro consiga sacar o dinheiro.
Porto de Santos
Um dos casos mais antigos é do porto de Santos (SP). O Brasil obteve um empréstimo em 1988 no valor de US$ 280 milhões.
Há chances de o desembolso ocorrer finalmente até o final deste ano. Só que já terão vencidos os sete anos iniciais durante os quais o país não precisaria pagar o principal da dívida -o chamado "período de carência".
Ou seja, mesmo que consiga sacar o empréstimo agora, o governo brasileiro terá de receber o dinheiro dos japoneses e imediatamente começar a pagá-lo de volta.
Uma saída seria renegociar todos os prazos novamente. Mas isso atrasaria ainda mais o desembolso por parte do governo japonês.
Mudanças
Para o governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB), não é apenas culpa dos brasileiros. Os técnicos japoneses também seriam "enrolados".
"Além disso, tivemos várias mudanças de governo. E quando entra um governante novo, há muitas mudanças nesses projetos", diz o governador Jereissati.

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