São Paulo, terça-feira, 27 de agosto de 1996 |
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Flávio de Souza persegue seu alter ego
ERIKA SALLUM
Estréia amanhã, no teatro Bibi Ferreira, "Uma Coisa Muito Louca", texto de Souza feito especialmente para a dupla de atores Luciana Braga e Cláudio Fontana, produtores da montagem. Dirigida por Enrique Diaz ("Melodrama"), a peça trata, ironicamente, de situações em que o ser humano fala de menos. "Sabe aquelas horas em que você se arrepende de ter ficado quieto quando, na verdade, deveria ter dado uma boa resposta?", explica Souza. Luciana Braga é Moira, uma pesquisadora. Fontana é Waldo, um desempregado. Os dois se conhecem num parque e iniciam um relacionamento. As cenas são recontadas várias vezes, de acordo com o ponto de vista dos personagens, até que entram no palco Moira 2 (Angela Dip) e Waldo 2 (Romis Ferreira), espécies de alter egos dos protagonistas. "No início, você pensa que o Waldo está conversando com um amigo. Na verdade, ele está falando com ele mesmo", diz Souza. A mistura entre os quatro personagens é tanta que, em determinado ponto da história, os alter egos chegam a brigar. Segundo o autor, "Uma Coisa Muito Louca" mostra as discussões internas dos seres humanos. "Existe mais de uma pessoa dentro da gente. É uma confusão danada." Souza disse que ficou muito feliz quando soube que o diretor seria Enrique Diaz: "Acho o Enrique extremamente competente. Meu texto está em boas mãos". Enrique Diaz entrou no projeto a convite dos produtores. A montagem coloca o foco de atenção em cima dos atores, fugindo do simples retratismo, segundo o diretor. "Não quero apenas imitar a realidade. Preservei a simplicidade dos diálogos, dando especial atenção ao que acontece em cena", conta Diaz. Apesar de gostar muito do texto, o diretor teve que cortar alguns trechos, caso contrário o tempo de duração da peça poderia cansar a platéia. Diaz, que também é ator, conta que não consultou Flávio de Souza durante os ensaios, que duraram cerca de três meses. "Na estréia, ele vai ver como ficou -e espero que goste." O cenário, de Naum Alves de Souza, é formado por móveis semelhantes às peças do jogo de montar Lego e foi inspirado no trabalho artístico de Mondrian. Dependendo do que se passa no palco, o cenário vai mudando. Por exemplo, quando Waldo e Moira se separam, o que era uma cama de casal vira duas de solteiro e assim por diante. Peça: Uma Coisa Muito Louca Autor: Flávio de Souza Diretor: Enrique Diaz Quando: qui a sáb, às 21h, e dom, às 19h Onde: teatro Bibi Ferreira (r. Brigadeiro Luiz Antônio, 931, tel. 605-3129) Quanto: R$ 25 (qui, sex e dom) e R$ 30 (sáb) Texto Anterior: 'Speed' é só adrenalina Próximo Texto: Folha tem leitura hoje Índice |
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