São Paulo, terça-feira, 27 de agosto de 1996
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Ilegais prometem manter protesto

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DE PARIS

Os imigrantes ilegais africanos em Paris pretendem continuar seu movimento e exigir o visto de permanência na França.
Há cinco meses os "sans-papiers" (sem-documentos) pedem a regularização de seu status na França. Na sexta-feira, a polícia invadiu a igreja em que os manifestantes estavam acampados e prendeu 220 pessoas -dez estavam em greve de fome havia 50 dias.
O governo francês prometeu regularizar apenas 40% dos casos e expulsar o resto do grupo.
Entretanto, a maioria dos "sans-papiers" foi liberada pelo governo ou por decisão judicial durante o final de semana.
Reorganização
O grupo está reunido na Cartoucherie, em Vincennes (periferia de Paris), lugar onde foram acolhidos no início do movimento.
"Vamos tentar reorganizar o movimento", afirmou ontem Ababacar Diop, um dos porta-vozes do grupo.
Diop quer que o governo francês reabra negociações com os "sans-papiers".
Após julgamentos de parte dos casos, a Justiça decidiu que 31 imigrantes devem ser expulsos do país -14 deles devem deixar a França até o final da semana.
Uma nova manifestação em apoio ao movimento está marcada para hoje em Paris -a exemplo do que já vem acontecendo nos últimos dias.
Ontem, a Anistia Internacional divulgou um comunicado criticando o governo francês e exprimindo sua inquietude em relação ao caso dos "sans-papiers".
Franceses apóiam lei
Uma pesquisa publicada na edição de ontem do jornal "Le Monde" revela que 46% dos franceses simpatiza com os "sans-papiers", enquanto 36% é hostil.
A pesquisa mostra, contudo, que os franceses rejeitam o abrandamento da lei de imigração -Lei Pasqua-, embora desaprovem a ação violenta da polícia para retirar os "sans-papiers" da igreja Saint-Bernard, onde estavam acampados.
Segundo a pesquisa, 19% dos franceses acham que a Lei Pasqua devia ser mais branda, 4% gostariam que ela fosse suprimida, 33% pedem seu endurecimento e 35% não querem mudanças.
Em compensação, 53% dos entrevistados pelo jornal desaprovam a invasão da igreja de Saint-Bernard pelos policiais.

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