São Paulo, quarta-feira, 28 de agosto de 1996
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Empresário 'sem-terra' é rei do feijão

FELIPE MIURA
ENVIADO ESPECIAL A SANTA FÉ DE GOIÁS

O rei do feijão, o paulista Marco Raduan, 56, é um agricultor "sem-terra".
Sócio majoritário da Samambaia Empreendimentos Agrícolas Ltda., Raduan está colhendo este ano 205 mil sacas de feijão carioca (12,3 mil t) em terras alheias.
A Samambaia arrenda 4.191 ha em Santa Fé de Goiás (G0), Itapaci (GO) e Pirapora (MG).
Raduan e seus sócios (Luiz Augusto Monteiro de Barros e José Roberto de Menezes) nem sequer possuem um trator.
Todas as máquinas e equipamentos da Samambaia, à exceção de alguns implementos e pivôs centrais, são alugados.
"Prefiro investir o dinheiro na produção, do que deixar o capital imobilizado", diz Raduan, empresário do setor metalúrgico.
Esse sistema de produção, que Raduan chama de "agricultura profissional", deve render à Samambaia um faturamento de R$ 7,1 milhões este ano.
Outro diferencial da empresa é o método de gestão. Raduan trouxe para a agricultura a disciplina do planejamento industrial, com cronogramas para todas as atividades.
A Samambaia também administra e conduz lavouras de feijão para terceiros.
A empresa planta 740 ha para seis investidores.
Plantar feijão nos cerrados foi uma opção mercadológica da Samambaia.
As fazendas produzem, com irrigação, feijão carioca no inverno, época da entressafra dos Estados do Sul. Com isso, a Samambaia consegue um preço superior para seu feijão.
"A dona-de-casa prefere o feijão carioca branquinho, mais novo e fácil para cozinhar", diz o agrônomo José Roberto de Menezes.
Rotação com Capim
Nas três fazendas que arrenda, a empresa consegue produtividade média de 3.000 kg/ha, quase o dobro da média nacional em lavouras irrigadas.
"Fazemos a rotação do feijão com capim braquiária", explica Menezes.
Segundo ele, há três vantagens no uso da gramínea. A braquiária contribui para o controle biológico das pragas do feijoeiro, protege o solo e serve como adubação verde das lavouras.
Durante a safra de verão, a Samambaia planta braquiária e milho. Após a colheita do milho, aplica herbicida no capim e planta feijão sobre a palhada (restos das culturas).
Na segunda safra de feijão, a empresa usa o método convencional.
A rotação com o capim, empregada nas fazendas de Goiás, reduz o uso de fertilizantes e agrotóxicos.
Pelos cálculos de Menezes, o custo de produção do feijão carioca está em cerca de US$ 800/ha em Santa Fé de Goiás, o que equivale a R$ 15/saca.
Na semana passada, a Samambaia estava vendendo a saca de feijão carioca (60 kg) a R$ 46 no atacado de São Paulo.

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