São Paulo, quarta-feira, 28 de agosto de 1996
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BC veta operação montada por Pitta

XICO SÁ; LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

O Banco Central vetou neste mês, pela segunda vez, operação financeira montada e defendida pelo candidato do PPB à Prefeitura de São Paulo, Celso Pitta, ex-secretário municipal de Finanças.
A operação resultaria em um dos maiores contratos da administração Paulo Maluf, cerca de R$ 700 milhões, mas colocava o dinheiro do contribuinte como avalista de empreiteiras junto à rede bancária.
A prefeitura paulistana chegou a iniciar o processo de contratação de dois consórcios liderados pelas empreiteiras Vega-Sopave (do grupo OAS) e Etesco.
O contrato previa a construção de três usinas que incinerariam a metade das 12 mil toneladas de lixo recolhidas diariamente na cidade.
O grupo OAS doou US$ 1 milhão para duas campanhas eleitorais de Maluf -governo do Estado (1990) e prefeitura (1992). A quantia foi revelada pela Procuradoria da República durante as investigações do esquema Paubrasil, em 1993.
O caso mostrou que empresas financiaram, de forma irregular, as campanhas do atual prefeito.
Empréstimos
Os consórcios, vencedores de uma licitação, teriam o direito, segundo o projeto, a pedir empréstimos bancários e dar como garantia as taxas que a prefeitura recolheria do contribuinte para realizar o serviço de limpeza pública nos próximos 20 anos.
Sem investir nada no negócio, as empreiteiras pegariam dinheiro nos bancos para construir três usinas incineradoras de lixo.
O projeto, que traz a assinatura de Pitta, Maluf e mais três secretários municipais -Reynaldo de Barros (Obras), Edevaldo Silva (Governo) e Altino Machado (Negócios Jurídicos)-, foi aprovado na Câmara Municipal.
O Banco Central, no entanto, barrou a operação em duas oportunidades. A primeira foi em 1994, quando Pitta ainda era secretário municipal de Finanças.
Nessa ocasião, as empresas realizaram o negócio com o Banespa, para onde haviam encaminhado toda a papelada necessária. O banco foi impedido pelo BC de concluir o empréstimo.
Em comunicado à Câmara Municipal de São Paulo, em 13 de dezembro de 94, o Departamento da Dívida Pública do BC informa sobre o seu veto, afirmando que a prefeitura não poderia utilizar as taxas da limpeza pública para o empréstimo.
O Banco Central havia sido acionado pelo vereador paulistano Adriano Diogo (PT).
Segunda tentativa
Neste ano, a prefeitura e as empresas estavam tentando fazer a segunda investida para tocar o contrato de construção das usinas de lixo, tentando concluir a operação via Banco do Brasil.
Em documento enviado na semana passada à Câmara Municipal, a direção do BC mais uma vez informa: a operação não poderá ser levada adiante.
"Sobre o assunto, informamos ter sido o Banco do Brasil alertado que, caso haja contragarantia do município de São Paulo na operação de financiamento de que se trata, a garantia bancária não poderá ser concedida", informou a correspondência do BC.
Segundo o advogado Antonio Pinheiro Pedro, que representa moradores que se opõem à construção das usinas em seus bairros, uma resolução do BC e outra do Senado proíbem os municípios de serem avalistas de empresas.

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